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A volta da CPMF é um equívoco, diz Zeina Latif

Economista faz balanço da economia brasileira em 2019, traça os riscos para 2020 e avisa que a tendência do dólar é de alta

Apresentado por Atualizado em 7 jan 2020, 13h39 - Publicado em 7 jan 2020, 13h38

O ano de 2019 foi mais positivo do que frustrante. Essa é a opinião de Zeina Latif, mestre e doutora em economia e economista-chefe da XP Investimentos. “Teve um momento no primeiro semestre que as expectativas pioraram bastante, com o risco de um desempenho pífio do PIB, menor até que o de 2017 e de 2018. Mas a aprovação da reforma da Previdência, com um impacto fiscal relevante, associada à redução da taxa de juros e à liberação de crédito, levou a uma dinâmica mais favorável para a economia. Teve também a liberação de recursos do FGTS e as concessões de infraestrutura. Juntando tudo isso, cria-se vetores para chegar a um crescimento maior em 2020. Mesmo que 2019 não tenha sido um ano brilhante, as variáveis econômicas nos levam a crer que o risco de decepções para este ano diminuiu muito”, afirmou Zeina, em entrevista a Alessandra Kianek, editora de VEJA, no programa Páginas Amarelas.

A palavra-chave para 2020 é reformas estruturais. Segundo a economista, o PIB brasileiro terá uma performance melhor no final deste ano, mas a continuidade, a consolidação, desse crescimento só será possível por meio das reformas. “Temos de monitorar a nossa capacidade de avançar com as reformas. No Brasil, tradicionalmente, é só melhorar um pouquinho a economia que acaba gerando complacência do governo e do Congresso. Esse é um vício que precisamos romper”, diz Zeina, que já foi eleita pela Forbes uma das mulheres mais influentes do Brasil na área econômica.  

O governo federal perdeu a janela para uma reforma tributária mais robusta, na visão da economista. “Era tarefa para 2019, quando o presidente tinha mais capital político, quando ainda existia um ímpeto reformista maior. Teremos eleições municipais, que talvez sejam novamente polarizadas e que agitem demais o sentimento do Congresso e acabe tirado o foco da agenda econômica. Porém, não significa que encerramos o capítulo aqui. Há muitas iniciativas que podem ser tomadas para termos um sistema mais simplificado e mais justo. Uma delas é a redução da insegurança jurídica. Hoje, as empresas não sabem se estão cumprindo exatamente todas as regras tributárias. São portarias sendo emitidas o tempo todo. Se conseguíssemos avançar com medidas para conter essa constante emissão, se fizéssemos essa arrumação, já seria um passo importante.” 

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Zeina afirma que é pouco provável que a idéia de retorno de um tributo nos moldes da CPMF prospere no Congresso. “Do ponto de vista técnico, seria um equívoco. Não é um imposto que é bem-sucedido. Já passamos por isso, e ele entrega menos do que promete. A CPMF traz mais problemas do que soluções. Espero que o governo consiga evitar essa tentação de ir para um tributo como esse – e essa tem sido a sinalização do Congresso.”

O grande tema hoje do Brasil, segundo Zeina, é melhorar a ação do Estado na economia, melhorar a qualidade da política pública para dar igualdade de oportunidades. “Não é a desigualdade propriamente dita de renda que é a principal questão, e sim a desigualdade de oportunidades. Aquele jovem, aquela criança que não consegue ter acesso a educação, que está ali sofrendo com a falta de saneamento, aquela mãe que não consegue creche para os seus filhos. Precisamos ter ajuste fiscal para exatamente conseguir melhorar esse direcionamento de recursos. Quanto mais gastarmos com Previdência, menos vamos gastar com educação, saúde, transporte, saneamento. O ajuste fiscal é o primeiro passo para isso. E é preciso fazer um pente-fino nessas políticas públicas, porque em alguns casos não é questão de não ter recursos, e sim de ter má gestão.”  

Uma questão que todos se perguntam é para onde vai o dólar. Zeina explica que é difícil fazer uma projeção, devido às diversas variáveis que impactam a moeda. “Mas, para dar ao menos uma luz, temos visto um ciclo de fortalecimento do dólar no mundo todo, fruto de um comércio mundial mais fraco. E como deve enfraquecer mais um pouco, a tendência da moeda é ir para cima, com oscilação. Num mesmo mês, por exemplo, o dólar pode bater nos 4,30 reais e cair abaixo de 4,00 reais. É importante que as pessoas tenham essa oscilação em mente.”

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