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Por que os celulares explodem, e como evitar que isso aconteça

Manter o celular conectado à tomada após completar a carga, derrubá-lo no chão e usar produtos falsificados aumentam chance de superaquecimento

Por Thaís Augusto Atualizado em 6 jul 2018, 10h25 - Publicado em 4 jul 2018, 19h28

Nesta semana, um enfermeiro de Araçatuba, no interior paulista, relatou nas redes sociais que teve a perna queimada após um celular explodir dentro do bolso de sua calça. Esta é ao menos o quinto caso de lesão relacionada a baterias e carregadores de celular que repercutiu no noticiário desde o início do ano.

Não há motivo, porém, para preocupação generalizada. Estatisticamente, o número de ocorrências é baixíssimo frente ao total de smartphones em uso no Brasil, que já supera 220 milhões segundo estudo da FGV divulgado em abril deste ano.

Ainda assim, há precauções que diminuem ainda mais a chance de acidentes do tipo.

Explosões são resultado do superaquecimento dos aparelhos, aponta Luiz Kretly, professor da Unicamp especializado em microeletrônica. Em geral, baterias de íons-lítio são preparadas para aguentar temperaturas de até 60ºC. O calor pode gerar curto-circuito entre os polos positivo e negativo da bateria, dando início a uma reação em cadeia que leva os componentes inflamáveis da bateria à combustão.

“Se o celular estiver com a carga cheia, mas continuar na tomada, pode ocorrer uma falha. Mas a maioria dos dispositivos originais têm proteção contra isso”, diz.

A maior parte dos dispositivos atuais têm uma válvula que funciona como a da panela de pressão. Se a temperatura aumentar e a pressão subir demais, o bateria abre para que não ocorra explosão. Mas a proteção pode falhar, principalmente em produtos não-certificados ou com defeito de fabricação.

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Derrubar o aparelho também pode, eventualmente, fazer com que ele entre em curto-circuito. “Pode amassar os eletrodos [pólos condutores de corrente elétrica]“.

Hoje, a taxa de explosões é bem menor do que no começo dos anos 2000, explica Luiz Kretly, professor de microeletrônica da Unicamp: “Agora, existem compostos que contém o lítio, elemento inflamável quando entra em contato com o oxigênio, e as tornam mais seguras”.

Carregador de celular também pode causar acidentes

No Brasil, dois casos relacionados a carga de celular resultaram na morte de jovens – em junho, um rapaz de 22 anos sofreu uma parada cardíaca após receber um choque. Segundo o Corpo de Bombeiros de Taubaté, interior de São Paulo, a carga elétrica ocorreu quando ele tentou usar o celular conectado ao carregador.

No mesmo mês, um adolescente de 16 anos foi eletrocutado no Ceará sob as mesmas condições. O rapaz atendeu uma ligação enquanto o celular estava carregando e não resistiu à descarga elétrica.

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Na China, uma criança de 12 anos ficou cega e perdeu um dedo da mão direita depois que o celular explodiu, de acordo com a mídia local. Na Índia, uma moça de 18 anos morreu enquanto fazia uma ligação, segundo o jornal The Sun.

Em todos os casos, uma coisa em comum: o aparelho estava conectado a uma tomada.

“Nessa situação, provavelmente uma descarga elétrica propagou-se pela rede elétrica, passou pelo carregador e atingiu a pessoa. O impulso elétrico de alta intensidade pode dar choque. Isso também ocorre com telefones fixos”, afirmou o professor da Unicamp.

Segundo ele é difícil prever se o aparelho vai entrar em curto-circuito, mas o principal indício é a temperatura. “O superaquecimento é o maior sinal. Deixar o celular no carregador depois que ele atingiu 100% de carga também não é uma boa prática. Carregadores de baixa qualidade podem apresentar defeito então, após carregar, é bom retirá-los da tomada”.

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“Parecia que alguém tinha jogado uma bomba nas minhas costas”

Em março deste ano, o comerciante Victor Alexandre de Oliveira sofreu queimaduras de primeiro e segundo graus no glúteos e mãos após seu celular explodir. O aparelho estava no bolso traseiro da bermuda. 

“Não acreditei que era o celular que tinha explodido. Parecia que alguém tinha jogado uma bomba nas minhas costas”, disse Oliveira à época para a VEJA.

Celular explode

A Motorola, fabricante do aparelho, afirmou que procurou o consumidor: “No entanto, após inúmeras tentativas de contato para retirar o smartphone, não tivemos retorno e consequentemente, não recebemos o produto. Sem o aparelho em mãos, é impossível fazer os testes necessários e coletar informações para entender o ocorrido”.

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Victor confirmou que a empresa o procurou “quando o caso estava na mídia”. De acordo com ele, a Motorola também se propôs a pagar pelo custos dos remédios. “Eles mencionaram que me emprestariam outro telefone, mas que eu tinha que assinar um contrato. Eu fiquei receoso e não quis mais contato”, disse.

Danos morais

Em 2016, a Samsung foi obrigada a suspender a venda de seu novo aparelho, o Galaxy Note 7 e paralisar sua produção após ao menos 35 aparelhos pegarem fogo enquanto carregavam. Pouco depois, a gigante sul-coreana convocou um recall mundial para recuperar 2,5 milhões de unidades do produto. A empresa também realizou um pedido de desculpas público a seus consumidores.

Recentemente, a empresa foi condenada a pagar uma indenização de 5.000 reais por danos morais a um consumidor do Maranhão. De acordo com a decisão da 10ª Vara Cível da Comarca de São Luís, o Galaxy S7 começou a aquecer após uma atualização de sistema e entrou em combustão.

Em nota, a Samsung afirmou que “preza pela segurança de seus clientes e possui os mais rígidos processos de qualidade em nossos produtos em conformidade com a legislação brasileira”. A empresa relata que “o smartphone em questão foi analisado pela equipe técnica que constatou que a bateria não foi a causa do ocorrido”, e que cumprirá integralmente o parecer do Tribunal do Maranhão que decidiu pela indenização ao consumidor.

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