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Visão do governo Dilma sobre câmbio é tacanha, diz FT

Ao focar na repetida tentativa de conter a valorização do real, Planalto foge do foco: a baixa competitividade da indústria brasileira

Por Da Redação
14 mar 2012, 12h15

O jornal britânico Financial Times (FT) publicou nesta quarta-feira artigo intitulado “A visão tacanha do Brasil sobre o câmbio” em que critica a repetida estratégia do Palácio do Planalto de sancionar medidas que visam conter os fluxos de dólares para o país. A publicação classifica como retóricos os pronunciamentos da presidente Dilma Rousseff e do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de que é preciso combater a chamada “guerra cambial” – enfraquecimento das moedas fortes, como o dólar e o euro, decorrente da política monetária frouxa adotada pelos países desenvolvidos – para proteger a indústria nacional das importações. O FT aponta que o governo desvia com esse argumento a atenção dos brasileiros de questões de longo prazo que, estas sim, vão requerer do poder público muito mais que simplesmente manipular o câmbio. São elas a tendência estrutural de apreciação da moeda brasileira e a baixa competitividade da economia doméstica.

O artigo do jornal britânico lembra que a economia da China – que é de longe o principal parceiro comercial do país – continuará a sustentar as compras de soja, minério de ferro e outras commodities made in Brazil. A tendência, na visão do jornal britânico, permanece ainda que Pequim tenha anunciado uma desaceleração do PIB para este ano. Nas próximas décadas, aponta o FT, o Brasil aumentará exponencialmente a extração de petróleo, tornando-se um produtor e exportador de relevância no mundo. Somente esses fatores já permitem antever uma tendência de valorização estrutural da moeda brasileira em relação às outras divisas.

Diante disso, o desafio de longo prazo do país é melhorar a competitividade da indústria. O FT reconhece que a apreciação do real ante o dólar fez com que muitos produtos fabricados no mercado doméstico perdessem mercado aos importados, sobretudo os oriundos de países asiáticos. O jornal lembra que a Austrália – outra nação cuja moeda tem relação direta com as exportações de commodities e que tem se valorizado nos últimos meses – fez a opção de ‘abandonar’ suas indústrias não competitivas, direcionando esforços para que sua economia se tornasse “mais baseada” em serviços.

A transição de uma economia com forte presença industrial para outra baseada, sobretudo, em serviços será mais dolorosa no caso brasileiro, diz o FT. Como país de proporções continentais e dotado de enorme população com baixo nível educacional, o Brasil terá dificuldades para deixar de lado o seu setor industrial. Enquanto não adota uma agenda para tornar a economia doméstica mais eficiente, o governo Dilma flerta com o protecionismo – algo que se evidencia nas declarações de diversas figuras públicas, na política de elevar o IPI dos automóveis importados e na recente tentativa do Planalto de rever o acordo automotivo bilateral com o México.

Encarar esses desafios representa uma tarefa difícil, reconhece o FT, sem, no entanto, deixar de afirmar que essa é a única opção que o governo Dilma e os próximos terão. Trata-se de enfrentar os conhecidos ‘demônios’ da economia brasileira: o setor público inchado e improdutivo, as reduzidas taxas de investimento e de poupança doméstica, e o fraquíssimo sistema educacional. Por fim, o FT cutuca: “A retórica em Brasília deveria ser menos sobre guerras cambiais e mais sobre guerras de produtividade”. Essa afirmação final, bem como toda a análise do tradicional jornal britânico, é 100% endossada por VEJA.

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