Petrobras diz ter sido “impraticável” precisar cada uma das perdas
Estatal adotou, além do ajuste por valor justo dos ativos, uma segunda metodologia, de 3% sobre o valor de contratos alvo da Operação Lava Jato
A Petrobras detalhou, em notas explicativas do balanço de 2014, que foi “impraticável” identificar a data e o montante exatos das perdas adicionais impostas por fornecedores e empreiteiras à companhia no âmbito da Operação Lava Jato. A estatal pondera que os depoimentos identificaram apenas as empresas e não todos os contratos, além de não especificar os períodos em que os pagamentos que incorporaram os gastos adicionais foram feitos.
“Como a companhia não consegue identificar o montante de gastos adicionais incluídos em cada pagamento no âmbito dos contratos de fornecimento ou o período específico em que os gastos adicionais ocorreram, não é possível determinar o período em que o ativo imobilizado deveria ser ajustado”, justificou a empresa.
No total, a Petrobras informou perdas de 50,8 bilhões de reais no ano passado. Desse montante, a maioria se refere à reavaliação no valor dos ativos (impairment), calculada em 44,34 bilhões de reais. E outra parte, de 6,2 bilhões de reais, diz respeito, especificamente, a perdas com corrupção. Neste caso, a estatal a companhia aplicou o porcentual de 3% de propina sobre todos os pagamentos feitos em 31 contratos firmados por 27 empresas, entre 2004 e 2012.
A Petrobras voltou a informar que dois escritórios de advocacia conduzem uma investigação interna independente, sob direção do Comitê Especial, mas pontuou que provavelmente terá duração superior a um ano e, por isso, não será possível identificar informações quantitativas para embasar as demonstrações financeiras.
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Fertilizantes – Ainda nas notas explicativas, a Petrobras informou que excluiu a Unidade de Fertilizantes Nitrogenados III, conhecida como UFN III, do teste de impairment (reavaliação no valor de ativos), realizado para determinar o valor recuperável dos ativos ao final de 2014.
As obras para a construção da fábrica de amônia e ureia, localizada em Três Lagoas, foram interrompidas ainda no final de 2014, e, na sequência, a Petrobras informou a rescisão de contrato com o consórcio responsável pelo projeto ao alegar descumprimento do contrato. O Consórcio UFN3 é formado pela chinesa Sinopec e pela Galvão Engenharia, empresa investigada na Lava Jato.
O projeto é avaliado em mais de 3 bilhões de reais e prevê a produção anual de 1,2 milhão de toneladas de ureia e mais de 700 mil toneladas de amônia. Porém, neste momento, a Petrobras decidiu rever o andamento das obras. “Posteriormente a esta paralisação, a companhia optou por reavaliar seu cronograma de implantação, postergando as ações necessárias à contratação de nova empresa para execução do escopo remanescente, enquanto perdurarem as medidas de preservação do caixa”, informou a empresa.
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Governo – A divulgação do resultado da Petrobras foi considerada “um alívio” para o governo. Ele acredita que o mercado verá a empresa com transparência, retomando a credibilidade, que foi atingida pelas denúncias de corrupção, permitindo que a petroleira volte a focar seus esforços na produção e nos investimentos. Segundo um assessor do Planalto, “o balanço é a superação de uma fase” e, com a publicação do dados, agora, “a Petrobrás têm todas as condições de retomar seus projetos”.
(Da redação)