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Novo IPI equivale a imposto de importação de 85%, diz Abeiva

Associação de importadores afirma que medida deverá afastar novas montadoras do país

Por Ana Clara Costa
16 set 2011, 20h47

Importadoras dizem que não há tempo suficiente para se enquadrar às novas regras.

Abeiva diz que o argumento da preservação do emprego é falacioso, pois a maioria das vagas é criada no setor de serviço, e não na indústria.

A elevação em 30 pontos porcentuais do Imposto para Produtos Industrializados (IPI) sobre veículos de montadoras que possuem elevado índice de importados em seu processo produtivo representa um duro golpe sobre o setor. A medida equivale o mesmo que aumentar de 35% para 85% a alíquota do imposto de importação, segundo cálculos da Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos Automotores (Abeiva), divulgados em coletiva de imprensa nesta sexta-feira.

“Não dá para afirmar que isso não vai ser repassado ao consumidor. Por mais que haja redução de margem de lucro e corte de qualquer tipo de investimento, é impossível absorver um aumento como esse”, afirmou o presidente da Abeiva, José Luiz Gandini, que também preside a coreana Kia Motors.

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O aumento de 230% no IPI foi anunciado pelo governo na última quinta-feira com o argumento de que seria uma forma de obrigar as montadoras de veículos a investir no Brasil, além de garantir o emprego dos que trabalham no setor automotivo nacional. Segundo afirmou o ministro de Ciência e Tecnologia, Aloísio Mercadante, as importações estavam gerando emprego em outros países, e não para o Brasil.

JAC revê seus planos – Mercadante, no entanto, esqueceu de combinar o aumento da tributação com as montadoras estrangeiras que estão prestes a instalar fábricas no país. A chinesa Jac Motors, que anunciou sua unidade brasileira em agosto, com o potencial de empregar 3.500 funcionários, está revendo seus planos depois da medida anunciada. “Da forma como está esse decreto hoje, é impossível qualquer nova marca de veículos instalar uma fábrica no país”, afirma o executivo Sergio Habib, presidente da empresa no Brasil.

O principal argumento das empresas que importam veículos é que será impossível enquadrar-se do dia para a noite nas regras estabelecidas pela medida provisória do novo regime automotivo. Segundo Habib, seriam necessários, no mínimo, três anos para que uma fábrica conseguisse integração suficiente com a indústria nacional. Nesse período, teoricamente, o decreto já não estaria nem mesmo válido.

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Discriminação – “Um fornecedor leva, pelo menos, um ano e meio para fabricar um molde para a produção de um veículo. Esse medida do governo, que é impossível de ser seguida no curto prazo, mostra que é preciso pertencer ao “clube do bolinha” na indústria automotiva nacional”, afirma o executivo. “Isso, além de tudo, coloca em xeque a própria segurança jurídica do Brasil”, diz o executivo.

A geração de emprego, de acordo com os dirigentes da Abeiva, provém mais do setor de serviços (leia-se rede de concessionárias) do que das próprias fábricas. No caso da Kia, são 160 lojas empregando 50 pessoas cada, enquanto a montadora conta com apenas 200 funcionários. No caso da JAC, são 10 mil funcionários empregados pela rede de lojas. “O que gera emprego é o setor de serviços”, diz Habib.

O aumento do IPI, segundo fontes ouvidas pela Abeiva, estaria sendo articulado junto às montadoras nacionais há cerca de quatro meses. “Cheguei a falar com o (Fernando) Pimentel há pouco tempo e ele havia me dito que não seria uma alta tão expressiva. Ontem, durante o anúncio, ele estava pálido. Parece até que foi uma ordem que veio ‘lá de cima'”, afirma Gandini, presidente da associação.

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Os executivos da Abeiva não foram chamados pelo governo para discutir o aumento do IPI. Segundo eles, apenas os empresários de montadoras nacionais participaram da discussão. Para o consumidor final, o aumento poderá chegar a 28% do preço do veículo.

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