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Grécia pode precisar de mais ajuda do que se pensava, diz economista-chefe do FMI

Olivier Blanchard acredita que os acontecimentos correntes poderão implicar a necessidade de ainda mais financiamento - pelo menos em apoio aos bancos

Por Da Redação
10 jul 2015, 13h34

Nesta quinta-feira, o economista-chefe do FMI, Olivier Blanchard, defendeu em seu blog pessoal o Fundo de críticas feitas recentemente à atuação da instituição no caso da Grécia. “Acreditamos que os acontecimentos correntes poderão muito bem implicar a necessidade de ainda mais financiamento, pelo menos em apoio aos bancos, e de ainda mais redução de dívida do que prevíamos em nossa análise da sustentabilidade da dívida”, diz o artigo.

De acordo com o Estadão, Blanchard lista quatro categorias de críticas aos programas de ajuda à Grécia e ao papel do FMI: primeiro, que o programa de 2010 “apenas serviu para elevar a dívida e exigia um ajuste fiscal excessivo”; segundo, que “o financiamento à Grécia foi usado para pagar bancos estrangeiros”; terceiro, que “reformas estruturais destruidoras do crescimento, ao lado da austeridade fiscal, levaram a uma depressão econômica”, e quarto, que “os credores não aprenderam nada e continuam repetindo os mesmos erros”.

Em relação ao primeiro ponto, o economista francês observa que “mesmo antes do programa de 2010, a dívida da Grécia era de 300 bilhões de euros, ou 130% do PIB. O déficit era de 36 bilhões de euros, ou 15,5% do PIB. A dívida estava crescendo 12% ao ano e isso era claramente insustentável”.

Segundo o economista, mesmo que a Grécia tivesse deixado de pagar toda a sua dívida, tendo em vista um déficit primário superior a 10% do PIB, “ela teria que reduzir seu déficit orçamentário em 10% do PIB de um dia para o outro. Isso teria levado a ajustes muito maiores e a um custo social muito maior do que sob os programas, que permitiram à Grécia ter cinco anos para alcançar um superávit primário”.

Ele acrescenta que “mesmo que a dívida existente tivesse sido inteiramente eliminada, o déficit primário, que era muito grande no início do programa, teria de ser reduzido. A austeridade fiscal não era uma opção, mas uma necessidade”.

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Sobre o segundo ponto, Blanchard escreve que “a reestruturação da dívida foi atrasada em dois anos. Havia razões para isso, nomeadamente as preocupações com o risco de contágio e a falta de barreiras para lidar com o contágio”. Para ele, “parcialmente como resultado dessa demora, uma fração importante dos recursos do primeiro programa foi usada para pagar credores de curto prazo e para substituir dívida privada por dívida oficial. A ajuda, porém, não beneficiou apenas bancos estrangeiros, mas também depositantes e domicílios, à medida que um terço da dívida era mantida por bancos e outras instituições financeiras gregos”.

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Sobre a terceira categoria de críticas, o economista diz que “tendo em vista o histórico decepcionante de crescimento de produtividade da Grécia antes do programa, várias reformas estruturais eram vistas como necessárias” e que “muitas dessas reformas ou não foram implementadas ou o foram em escala insuficiente”. Os esforços para melhorar a arrecadação de impostos e a cultura de pagamentos fracassaram completamente.

Ainda sobre isso, o economista nota que “a queda na produção foi, de fato, muito maior do que havia sido previsto” e que “a consolidação fiscal explica apenas uma fração da queda na produção. Produção acima do potencial, para começar, crises políticas, políticas inconsistentes, reformas insuficientes, temores de saída do país da zona do euro, baixa confiança das empresas, bancos fracos, tudo contribuiu para o resultado”.

Sobre o quarto ponto, Blanchard examina a eleição de “um governo abertamente contrário ao programa”. “Um conjunto mais limitado de reformas estruturais e/ou um ajuste fiscal mais lento implicam, aritmeticamente, necessidades maiores de financiamento e, consequentemente, maior necessidade de redução da dívida”, conta.

Blanchard diz ainda que, “fundamentalmente, a área do euro está diante de uma escolha política: metas fiscais e de reformas mais baixas para a Grécia significam um custo mais alto para os países credores. O papel do Fundo, nesse contexto, não é recomendar uma decisão particular, mas indicar o balanço entre menos ajuste fiscal e menos reformas estruturais, de um lado, e a necessidade de mais financiamento e de redução da dívida, do outro lado”.

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(Da redação)

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