EUA enfrentam votação crucial para sanar crise da dívida
Câmara vota proposta do republicano John Boehner, que enfrenta resistência democrata. Sem acordo, impasse se arrastaria até a data-limite para o calote
O Congresso dos Estados Unidos terá pela frente um dia de muita tensão. Nesta quinta-feira, será travado na Câmara dos Deputados um novo embate em torno do aumento do teto da dívida pública do país. Se não houver um acordo sobre o tema até a próxima terça-feira, o Tesouro americano terá de suspender pagamentos federais. A votação desta quinta é, portanto, considerada crucial para a solução da crise. Os deputados americanos vão analisar o plano proposto pelo presidente da Casa, o republicano John Boehner. A expectativa é que a proposta enfrente a resistência dos democratas. O partido de oposição, porém, é maioria na Câmara – e deve somar 240 votos, dos 433 possíveis, para sua proposta.
Um entendimento entre os deputados republicanos e democratas é crucial nesta quinta porque, se for aprovado na Casa um plano que desagrade o partido do governo, a proposta poderá ser barrada no Senado, onde os democratas são maioria. Desta forma, a discussão seria arrastada perigosamente para o prazo-limite de 2 de agosto – dia em que os Estados Unidos poderão declarar um calote de sua dívida.
Além da oposição da bancada, a proposta de Boehner enfrenta a ameaça de veto do presidente americano, Barack Obama. O aumento do teto da dívida em apenas 1 trilhão de dólares seria suficiente apenas até o final deste ano. A intenção de Boehner é ampliar os cortes nos gastos públicos, originalmente de apenas 850 bilhões de dólares, para pelo menos 1,2 trilhão nos próximos dez anos.
O republicano chegou a desistir de apresentar seu texto ao plenário na quarta-feira para mudá-lo ao gosto da ala mais radical do partido. A iniciativa permitiria ao republicano recuperar o apoio de colegas que, na terça-feira, o abandonaram. Para tentar sufocar a dissidência republicana, Boehner reuniu-se nesta quarta com os seus colegas e pediu um esforço conjunto do partido.
A Casa Branca apoia abertamente a proposta do senador democrata Harry Reid, que prevê o aumento de 2,4 trilhões de dólares no teto da dívida, um valor suficiente para o governo Obama atravessar o ano eleitoral de 2012 sem os atuais riscos.