Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Crise adia inauguração de shopping centers

Desempenho fraco da economia brasileira deve afetar principalmente empreendimentos planejados para depois de 2018, segundo dirigentes do setor

Por Da Redação
13 out 2015, 16h58

O quadro de recessão econômica, juros elevados e queda do consumo entre os brasileiros tem abalado as perspectivas de administradores e controladores de shopping centers no país. Cerca de 30% das inaugurações de centros comerciais previstas para 2015 foram adiadas. Os analistas apontam que essas suspensões são naturais no curto prazo, mas que a crise econômica pode ter um impacto mais forte sobre empreendimentos planejados para depois de 2018.

No início do ano, a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) projetava a abertura de 26 empreendimentos neste ano, mas o número foi revisado para 18 novos shoppings, o que corresponde a uma baixa de 30,8%. Do total de unidades previstas, dez já estão em funcionamento. Em 2015, foram abertas 25 unidades ante uma projeção inicial de 43.

Segundo o presidente da Abrasce, Glauco Humai, a revisão nas inaugurações é natural e está próxima da média dos últimos anos. “É claro que a situação atual coloca todo mundo em risco. Quem pode segurar um projeto freia um pouco. Mas isso não significa que esses oito projetos de 2015 deixaram de ser inaugurados porque o investidor tirou o pé. É prematuro dizer que projetos de 2015 e 2016 já estão sendo afetados pela crise”, afirmou o executivo. Entre os motivos para o adiamento, Humai citou a demora para se conseguir licenciamentos e dificuldades nas obras.

“Acho que 18 é um bom número para um ano conturbado. Já no ano que vem, devemos ter mais de 30 shoppings. Seguimos uma dinâmica natural. A crise atual deve impactar inaugurações para 2018 e 2019, pois esses empreendimentos estão sendo planejados agora. O investidor pode olhar a situação atual e repensar um projeto com inauguração daqui três ou quatro anos”, afirmou o executivo. De acordo com a Abrasce, estão previstas 36 inaugurações em 2016.

O presidente da entidade ressaltou ainda que o ciclo de um projeto no setor é longo e, por isso, atrasos acabam sendo comuns. No entanto, o executivo alertou que, se a atual crise se prolongar, o número de inaugurações pode ser afetado daqui a alguns anos. “Se não encontrarmos uma saída para o momento do país, os projetos para 2018 e 2019 podem ser reduzidos”.

Continua após a publicidade

O peso da dívida – Além da baixa confiança do consumidor e outras dificuldades macroeconômicas, como desemprego e inflação, o aumento do custo da dívida é mais um motivo para a cautela no setor. De acordo com o analista Marcelo Motta, do JPMorgan, as empresas de shoppings têm evitado assumir dívidas para a execução de novos projetos. “Por causa do aumento de custo de dívida, frente aos juros elevados, muitos empreendedores não se sentem confortáveis para seguir em frente com expansões e lançamentos. Há uma espera para ter mais clareza sobre a demanda e a economia antes de lançar ou continuar um projeto”, afirmou o analista.

A cautela com novos empreendimentos também é observada entre os lojistas. Para o presidente da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop), Nabil Sahyoun, os lojistas estão com menos apetite por novos empreendimentos, o que pode contribuir para uma demora maior até a inauguração. “Se a comercialização não estiver tão bem, pode haver atrasos para se ter o menor prejuízo possível. Numa inauguração com ocupação de 20% a 30% de lojistas, o prejuízo é muito maior, porque a imagem do empreendimento é enfraquecida e para recuperar essa imagem é muito pior”, afirmou o executivo.

Ele lembrou, no entanto, que o processo de construção é “irreversível”, e postergar uma abertura também incide em custos para as empresas. “Quando as obras começam, elas precisam ser entregues mais dia ou menos dia, caso contrário o custo fica muito alto”, acrescentou. Nabil Sahyoun ressaltou que o mercado está se adequando às novas condições. Para ele, shoppings e varejistas continuam em busca de oportunidades, o que pode acelerar o processo de ajuste. “Há bastante resistência sobre novos empreendimentos, no sentido de esperar que o cenário melhore para desengavetar os projetos. Os próximos dois anos vão ser de muita luta e readaptação ao cenário vigente”, afirmou o executivo.

Leia também:

Varejistas se articulam para reduzir aluguéis em shoppings

Com o emprego em baixa, 2015 virou o ano do ‘bico’

Comércio tem o Dia dos Pais mais fraco em seis anos

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.