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UE lamenta que Moody’s tenha rebaixado dívida portuguesa

A Comissão Europeia considerou a decisão da agência de classificação 'infeliz'

Por Da Redação
6 jul 2011, 09h18

A Comissão Europeia lamentou nesta quarta-feira a decisão da agência de classificação Moody’s de rebaixar em quatro graus a nota de Portugal, uma medida que considerou “infeliz”. “O momento da decisão não é somente questionável, mas baseia-se em cenários hipotéticos”, afirmou nesta quarta o porta-voz econômico da Comissão Europeia, Amadeu Altafaj, em entrevista coletiva. Já o ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble, além de repudiar o ato da agência, sugeriu que haja um rompimento das economias mundiais com o “oligopólio das agências de classificação”. O ministro também acredita que é preciso limitar sua influência quando se avalia o risco dos títulos dos países.

A atitude da Moody’s frente à situação de Portugal foi bastante criticada pelas autoridades europeias – que colocaram em xeque a credibilidade da agência. As principais críticas envolvem as útimas perspectivas referentes à nota do país, que não denotavam um possível rebaixamento dos títulos da dívida a nível “especulativo” ou “lixo” – o que, segundo as autoridades, mostram falta de seriedade das agências. Outro ponto delicado, levantado pelo porta-voz da Comissão, Olivier Bailly, se refere à atuação das agências de classificação de risco antes da crise financeira de 2008, que não advertiram o mercado dos riscos envolvendo as instituições financeiras próximas da falência, como o banco Lehman Brothers, que quebrou naquele ano; e que deixaram de ser confiáveis a partir de então.

Para a Comissão, o rebaixamento de Moody’s é “particularmente flagrante” neste caso, pois Portugal acaba de começar a aplicar o programa de ajustes pactuado com seus parceiros internacionais, e o governo anunciou novos esforços complementares. “A decisão, acrescentou Altafaj, é um infeliz episódio que volta a pôr em questão o comportamento das agências de classificação e sua clarividência”. Altafaj ressaltou que o Banco Central Europeu, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a própria Comissão Europeia trabalham em “benefício do interesse público” e efetuam as análises “mais exaustivas e independentes”.

A primeira avaliação destas três instituições sobre a aplicação das medidas de ajuste em Portugal será realizada em agosto. Na mesma linha, o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, falou em entrevista coletiva em Estrasburgo (França) que as agências de classificação não são mais do que atores do próprio mercado e por isso não são imunes a erros e exageros.

Barroso lembrou os planos da Comissão Europeia de apresentar antes do fim do ano uma proposta de regulação das agências de classificação e não está descartada a ideia de criar uma agência de avaliação europeia. “O fato de as três maiores agências de classificação serem de fora da UE significa que tenham menor conhecimento da realidade europeia”, justificou Barroso, em referência a Moody’s, Standard & Poor’s e Fitch.

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‘Loucura’ – O ministro grego das Relações Exteriores, Stavros Lambrinidis, também denunciou nesta quarta-feira a “loucura” das agências de classificação financeira, depois das decisões controversas da Standard and Poor’s e da Moody’s. “O rebaixamento não aconteceu porque Portugal não está fazendo reformas, e sim motivado pela hipótese de que o país necessite um novo resgate. Percebem a loucura desta profecia autocumprida?”, questionou em uma entrevista em Berlim.

“Infelizmente, muitas pessoas dos mercados supostamente racionais apostaram bilhões de euros no naufrágio da Grécia, assinando contratos de seguros contra o falta de pagamento da dívida soberana, os CDS (Credit Default Swaps)”, completou Lambridinis. A agência Standard and Poor’s afirmou recentemente que a participação dos bancos privados no novo resgate da Grécia poderia equivaler a uma suspensão de pagamentos (default) seletiva, o que ativaria o pagamento dos CDS.

Implicações – As Bolsas europeias não reagiram bem ao rebaixamento da nota de Portugal, anunciada na terça-feira pela Moody’s. Nesta quarta-feira, a maior parte do mercado europeu começou as operações do dia em baixa.

Em Portugal, a Bolsa de Valores de Lisboa registrou uma retração de 2% em sua abertura. O índice principal da Bolsa de Valores de Londres, o FTSE-100, abriu em queda de 0,12% nesta quarta-feira, aos 6.016,94 pontos. O indicador principal da Bolsa de Valores de Milão, o FTSE MIB, iniciou o pregão com queda de 0,47%, aos 20.182,70 pontos. Já o índice geral FTSE Itália All-Share descia 0,42%, aos 20.895,45 pontos. Em Madri, o índice Ibex apontava perdas de 0,60% em sua abertura. Situação de queda também em Paris, cujo índice principal, o CAC, apresentou nesta quarta-feira retração de 0,12%, aos 3.974,24 pontos.

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Portugal deve realizar nesta quarta-feira uma emissão de títulos avaliada em até 1 milhão de euros, com o objetivo de aumentar sua capitalização em curto prazo. Trata-se da primeira emissão do terceiro trimestre – o país estima negociar 6,7 milhões de euros até setembro.

Em comunicado, a agência Moody’s justificou o rebaixamento da nota como uma resposta às crescentes preocupações de que o país ibérico não cumpra totalmente as metas de redução e estabilização de dívida estabelecidas em seu acordo de crédito com a União Europeia e o FMI.

(Com agência EFE)

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