Chuvas de abril não devem encher reservatórios, dizem especialistas
O nível dos reservatórios das hidrelétricas da região Sudeste/Centro-Oeste estão abaixo da previsão do ONS e preocupações aumentam
As chuvas esperadas para abril não deverão ser suficientes para recuperar o nível de armazenamento de água dos principais reservatórios das hidrelétricas localizadas no Sudeste/Centro-Oeste do país, elevando preocupações sobre o fornecimento de energia neste e no próximo ano, avaliaram agentes do setor elétrico.
A vazão de chuvas esperada em abril é de cerca de 83% da média histórica para o mês, que tradicionalmente é mais fraco em relação aos demais meses do período úmido, disse o diretor comercial da Bolt Comercializadora, Rodolfo Salazar, com base em informações do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
Isso significa que vai chover menos em abril que em março, fevereiro e janeiro, quando houve queda de cerca de sete pontos percentuais nos reservatórios do Sudeste/Centro-Oeste. “Ao que tudo indica, parece que teremos poucos episódios de chuva no mês (de abril)”, disse Salazar.
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Ele avalia que pode haver elevação apenas “marginal” no nível dos reservatórios das hidrelétricas do Sudeste ao longo de abril, tornando a situação mais crítica com a chegada do período seco.
O nível dos reservatórios das hidrelétricas da região Sudeste/Centro-Oeste estão a 36,02% atualmente, segundo dados do ONS fechados em quinta-feira, abaixo da previsão de que ficariam em 36,9%. O nível ainda é superior ao registrado no fim de março de 2011, ano do racionamento de energia, quando estava em 34,53%. No Sul, o nível dos reservatórios está a 46,18%, no Nordeste a 41,63%, e no Norte, que passa por cheias históricas, a 85,21%.
“Eu vejo uma situação muito crítica, pelo jeito, sem uma perspectiva de reversão”, disse o presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira de Companhias de Energia Elétrica (ABCE), Carlos Ribeiro. “Se não houver uma operação muito prudente, guardando uma parte da água para o próximo período chuvoso, pode se caracterizar numa situação mais grave ainda ano que vem”, acrescentou. A alternativa mais cautelosa seria economizar energia por meio de medidas de incentivo à eficiência no uso da energia, disse. “A única variável sobre a qual temos controle é a redução do consumo.”
Um meteorologista do Climatempo disse à Reuters na quinta-feira que há possibilidade de o fenômeno El Niño ocorra neste ano, provocando mais chuvas no Sul no próximo período úmido e podendo também melhorar a situação em parte da região Sudeste. O fenômeno climático, no entanto, não seria suficiente para resolver o problema dos reservatórios, que estão muito baixos e tendem a cair até a próxima estação chuvosa.
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(com agência Reuters)