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Brasileiros voltam para casa, revela Censo 2010

Estabilidade econômica e aumento da renda ajudam a tornar o país mais atraente para quem foi tentar a sorte no exterior. Número de imigrantes que retornaram ao país dobrou

Por Rafael Lemos
27 abr 2012, 10h00

“A perspectiva aqui está melhorando, então decidi voltar para ver de perto o crescimento que já tinha visto pela televisão.”

Rodney Kenishi, 27 anos, que voltou do Japão e quer fazer concurso para o Itamaraty

No momento em que o mundo abre as portas para os brasileiros, de olho na sua capacidade de consumo, trabalhadores e famílias que foram buscar oportunidades lá fora retornam ao país. Este movimento está mostrado em detalhes no Censo Demográfico de 2010, que tem mais uma etapa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira. O IBGE registrou os indivíduos que moravam no Brasil na data do censo, mas que tinham residido em outro país cinco anos antes. Em números absolutos, a quantidade de brasileiros que voltaram para casa praticamente dobrou no período 2005/2010 na comparação com 1995/2000, saltando de 87.886 para 174.597 pessoas. Também chamados de imigrantes internacionais de retorno, eles correspondem a 65,1% de todos os imigrantes internacionais*.

O pano de fundo desse fenômeno é a consistente melhoria nos indicadores econômicos do Brasil. No desembarque, esses brasileiros encontraram um país que ainda padece de muitas mazelas, mas inegavelmente é bem melhor do que aquele que deixaram para trás. Uma série de variáveis econômicas – mapeadas pelo IBGE e também divulgadas nesta sexta-feira – ajuda a entender esse movimento. Confirmando as conquistas proporcionadas pela estabilização da economia a partir de 1994, com o Plano Real, o censo de 2010 mostra aumento do nível de emprego, melhoria na renda, a emergência de uma vigorosa classe C e a elevação do padrão de consumo das classes D e E.

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Estudante Rodney Kenishi, censo 2010
Estudante Rodney Kenishi, censo 2010 (VEJA)

Entre 2008 e 2010, esse movimento teve o estímulo extra da crise internacional, mas não há dúvida de que seu principal motor é o crescimento do Brasil, como testemunha Rodney Kenishi, de 27 anos. Ele foi para o Japão com os pais, quando tinha 15 anos, e acabou ficando. Formou-se na faculdade de comunicação moderna, um curso voltado a relações exteriores. Voltou em novembro. “A perspectiva aqui está melhorando, então decidi voltar para ver de perto o crescimento que já tinha visto pela televisão”, diz Kenishi, que mora em São Paulo, no bairro do Tatuapé, trabalha na loja dos pais e pretende prestar concurso para o Itamaraty.

Movimento regional – O fenômeno está sendo analisado por demógrafos como Alisson Flávio Barbieri, professor da Universidade Federal de Minas Gerais. “O brasileiro tem visto em seu país oportunidades que ele só vislumbrava em países como Japão e Estados Unidos, que agora sofrem muito com a crise. A migração de retorno do exterior tem aumentado significativamente e, se a conjuntura econômica do país continuar, a tendência é de aumento ainda maior”, diz.

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Flash

*Clique nas siglas ou no mapa para ver quantas pessoas voltaram para aquela unidade da Federação

Barbieri diz que, no Brasil, o crescimento das cidades médias reflete internamente o mesmo tipo de movimento. “As cidades de médio porte têm crescido muito mais que as grandes metrópoles, e regiões como o Nordeste, que tradicionalmente perdia população para o Sudeste, agora se tornam atraentes,”, diz. “O abismo econômico entre as regiões do país diminuiu muito na última década, e o brasileiro prefere migrar para distâncias mais curtas, que ele encontra o mesmo dinamismo que os grandes centros tinham no passado. Por exemplo, o morador do sertão nordestino prefere mudar para cidades de médio porte de seu estado do que para São Paulo.”

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Principais pólos – Os estados de São Paulo, Paraná e Minas Gerais receberam, juntos, mais da metade dos integrantes internacionais no período 2005/2010, seguidos de Rio de Janeiro e Goiás. Em 1995/2000, os principais destinos dos imigrantes eram São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul. A grande novidade, portanto, é Minas Gerais, onde fica o município de Governador Valadares, famoso por exportar mão de obra para os Estados Unidos. Entre 2005 e 2010, os imigrantes vieram principalmente dos Estados Unidos (43.727), Japão (36.903), Paraguai (13.739), Portugal (16.460) e Bolívia (3.954). A parcela de brasileiros foi proporcionalmente maior entre os que vieram dos EUA (84,2% eram retornados), Japão (89,1%) e Portugal (77%), e menor entre aqueles saídos do Paraguai (55,7%) e da Bolívia (25,1%).

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