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Acuado, Obama intensifica comunicação direta com americanos

Presidente americano recorre ao discurso para tentar resolver impasse: "Há muitos caminhos para sairmos dessa situação, mas há muito pouco tempo"

Por Beatriz Ferrari
30 jul 2011, 11h46

Acuado por uma maioria republicana no Congresso, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, tem apelado nos últimos dias para uma estratégia que já virou marca de seu governo: o uso de canais de comunicação direta com a população para mobilizá-la em torno de uma agenda política. De quebra, ele ainda tenta lançar mão de sua poderosa retórica para jogar a responsabilidade pelo impasse nas negociações sobre a elevação do teto da dívida americana no campo do adversário.

Neste sábado, Obama voltou a falar à população sobre o impasse sobre a elevação do teto da dívida do país. O presidente americano fez um apelo para que democratas e republicanos cheguem rapidamente a um acordo, sob o risco de o governo não ter como cumprir suas obrigações. “Há muitos caminhos para sairmos dessa situação, mas há muito pouco tempo”, ressaltou Obama. “O tempo de se colocar o partido em primeiro lugar acabou. A hora de um compromisso pelo povo americano é agora”, pediu.

Com um prazo cada vez mais curto para o governo federal estourar o limite de endividamento, e sem nenhum acordo à vista para aumentá-lo, Obama foi à TV na sexta-feira para convocar a população a pressionar os congressistas republicanos a se comprometerem com um acordo bipartidário. Logo depois, usou sua conta no Twitter para divulgar os perfis dos representantes republicanos de cada estado – estratégia que desagradou a muitos, pois nada menos que 33 mil seguidores deixaram de ‘acompanhar’ o político em seu microblog. Na segunda-feira, em pronunciamento em rede de televisão, ele falou da necessidade de a população participar do debate e falar de seus anseios a seus representantes.

Histórico – Não é a primeira vez que Obama dirige-se à sociedade para deixar clara sua agenda de governo. “Esse instrumento é comum, mas Obama intensificou seu uso. Ele colocou a opinião pública como uma variável interveniente no resultado da disputa entre partidos. Ele está buscando responsabilizar alguém caso o acordo não dê certo”, explica Rafael Cortez, cientista político da Tendências Consultoria.

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A estratégia de falar diretamente às massas lembra só remotamente alguns exemplos latino-americanos, como o ex-presidente Lula e o ditador venezuelano Hugo Chávez. Os analistas ouvidos pelo site de VEJA são unânimes em afirmar que as semelhanças param por aí. Obama, tal como todos os outros presidentes americanos na história, não se coloca à frente do Congresso em postura de confronto, nem de desrespeito. Tampouco Obama parece acreditar que basta o apoio da população para ter os parlamentares a seus pés. O uso da comunicação é visto mais como uma forma de espalhar suas idéias.

A utilização de canais de comunicação direta com o público por parte dos presidentes não é comum, mas tampouco é inédita nos Estados Unidos. De acordo com o professor de História da América da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Vitor Izeckson, o presidente Andrew Jackson dirigiu-se, na década de 1830, ao povo para derrubar o Banco dos Estados Unidos, criando um sistema financeiro descentralizado. Cem anos depois, Franklin Roosevelt dirigiu-se à população, através do rádio, durante um confronto com a Suprema Corte. No entanto, diferentemente de Obama, ambos tinham maioria no Congresso. “Obama está apenas acuado por uma maioria republicana que rompeu com todos os parâmetros do welfare state (estado de bem-estar social). Essa maioria demanda cortes sociais que inviabilizariam boa parte da plataforma democrata”, explica Izeckson.

Sem acordo – O limite da dívida dos EUA está atualmente em 14,29 trilhões de dólares e precisa ser elevado até 2 de agosto para impedir que o país deixe de cumprir obrigações financeiras, segundo o Departamento do Tesouro norte-americano. Democratas e republicanos falharam até agora em todas as tentativas de negociação para aumentar o teto da dívida. O debate tem se tornado mais tenso com a aproximação da data-limite. As agências de classificação de risco têm ameaçado rebaixar a nota de risco dos EUA, atualmente no maior nível possível (Aaa).

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