Volks e GM iniciam coletivas em cenário de demanda baixa e juros altos
Cerca de 5 mil funcionários de fábricas do Vale do Paraíba (SP) ficarão sem trabalhar até meados de abril
As montadoras Volkswagen e General Motors (GM) iniciam nesta segunda-feira, 27, períodos de férias coletivas para cerca de cinco mil trabalhadores de suas fábricas de Taubaté e São José dos Campos, no interior paulista. As duas grandes montadoras, segunda e terceira maiores do país, se juntam a Stellantis – dona da Fiat, Citröen e Peugeot – Hyundai e Mercedez-Bens, que também paralisaram parte de sua produção neste mês, concedendo férias nas plantas de Goiana (PE), Piracicaba (SP) e São Bernardo do Campo (SP), respectivamente. O período de férias das montadoras varia entre os dias 13 e 23 de abril.
As coletivas, segundo as montadoras, são uma estratégia de adaptação à demanda fraca. Na prática, as empresas vão evitar a formação de grandes estoques, motivados pelo atual cenário econômico.
O procedimento de férias coletivas foi muito adotado pelas montadoras durante a pandemia por causa da quebra da cadeia de suprimentos, que gerou a escassez de semicondutores, fundamentais para a montagem de componentes eletrônicos dos carros. Agora, sem uma normalização completa dessa cadeia, as montadoras enfrentam uma queda na demanda de veículos em um cenário de juros altos, o que freia o consumo e também encarece os custos de produção.
A taxa básica de juros, a Selic, está em 13,75% ao ano, maior patamar desde 2016, e uma das consequências dos juros altos é a redução do consumo, com a dificuldade de concessão de crédito. No caso do financiamento de veículos, a taxa média é de 29,84% ao ano, segundo dados de fevereiro da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade, a Anefac. A pressão para a diminuição dos juros, muito centrada no governo federal, ganha coro do setor industrial.
Entidades do setor de veículos vinham apontando uma desaceleração para este ano. Dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) mostram que o ano começou lento. Em janeiro, comparado ao mês anterior, houve queda de 34% nos emplacamentos de automóveis, veículos comerciais leves, caminhões e ônibus. O dado do emplacamento é utilizado para medir a venda de veículos novos. Em fevereiro, houve nova queda, de 9% em relação a janeiro.