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Venezuela nos Brics, moeda única e energia: a dobradinha de Lula e Maduro

Em encontro de presidentes, Lula promete esforços para levar o país vizinho aos Brics e reforça a intenção de que as transações não se baseiem no dólar

Por Felipe Mendes Atualizado em 29 Maio 2023, 20h12 - Publicado em 29 Maio 2023, 14h47

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, reuniu-se com o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto nesta segunda-feira, 29. Os líderes fizeram uma reunião bilateral para debater políticas econômicas para os países. Foi a primeira vez que Maduro esteve no Brasil desde 2015, quando o país era presidido por Dilma Rousseff. Em entrevista coletiva após a reunião, Lula disse que quer propor a inclusão da Venezuela no grupo dos Brics, atacou as sanções impostas por outros países à Venezuela e manifestou o interesse de reforçar a compra de energia elétrica da nação vizinha.

Em um discurso apaziguador, Lula defendeu a união entre os países da América do Sul, nos moldes do que existe na União Europeia e até no continente africano, e disse que é favorável que a Venezuela entregue oficialmente seu pedido para entrar nos Brics, bloco composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. “Será a primeira reunião oficial dos Brics que eu vou participar depois de oito anos. E tem várias propostas de outros países que querem entrar no Brics. Nós vamos discutir. Não depende só da vontade do Brasil, depende da vontade de todos. Se houver um pedido oficial, esse pedido será oficialmente levado para os Brics e lá nós decidiremos. Se você perguntar a minha vontade eu digo: eu sou favorável”, afirmou Lula.

Na sequência, Maduro disse que a Venezuela tem interesse em participar dessa “nova geopolítica” e que os Brics estão se “transformando em um grande ímã daqueles que buscam um mundo diferente de paz e de cooperação” e ressaltou a condução de Dilma à frente do banco do bloco. “Queremos fazer parte dos Brics e acompanhar a construção dessa nova geopolítica, desse novo mundo que está na nossa frente”, disse Maduro.

Questionado sobre a possibilidade de retomar a compra de energia da Venezuela para o abastecimento de Roraima, estado que até 2019 tinha a maior parte de seus municípios atendidos pela usina hidrelétrica de Guri, Lula disse que uma proposta deve ser estruturada para resolver isso nas próximas semanas com a participação do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. “Nós queremos recuperar a nossa relação energética com a Venezuela. Aquele ‘leão’ de Guri tem que ser colocado em funcionamento. Não se justifica Roraima ser o único estado fora da matriz energética brasileira funcionando à base de termoelétrica, que é muito mais cara e muito poluente”, disse Lula.

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Maduro, por sua vez, pediu a cooperação de empresários brasileiros para retomar a ligação entre os países. “A Venezuela está preparada para reconstruir essa cooperação elétrica com o estado de Roraima, com Boa Vista e toda a população fronteiriça. Temos uma oferta de 120 megawatts já pronta que pode ser habilitada a partir de um investimento básico de 4 (milhões) ou 5 milhões de dólares para que se possa reconstruir as linhas de transmissão. Se isso acontecer, podemos estar prontíssimos para reconectar Guri com Roraima. É um compromisso que assumo e conto com a cooperação e o investimento dos empresários brasileiros que queiram participar.”

Moeda única

O presidente brasileiro defendeu ainda que os Brics estudme a criação de uma moeda única, nos moldes do euro, para a transação entre os países formadores do bloco econômico. “Eu sonho que a gente tenha uma moeda entre os nossos países para que a gente possa fazer negócios sem ficar dependendo do dólar, até porque só um país tem a máquina de rodar dólar. Não é possível que a gente não tenha mais liberdade para fazer negociação. Eu sonho que os Brics possam ter uma moeda, assim como a União Europeia construiu o euro”, disse Lula. Não é a primeira vez que Lula defende neste ano alternativas ao dólar. O presidente já citou o desejo de moeda comum para os Brics e também alternativas para o comércio com a China e a Argentina. 

Em uma resposta dura às sanções impostas pelos Estados Unidos à Venezuela, Lula sugeriu que as negociações entre o Brasil e a Venezuela se deem na moeda chinesa, o yuan. “O Maduro não tem dólar para pagar as suas exportações. Quem sabe ele comece a pagar em yuan. Quem sabe a gente possa receber na moeda de outro país. É culpa dele? Não. É culpa dos EUA, que fizeram um bloqueio extremamente exagerado. O bloqueio é pior do que uma guerra, mata crianças, mata mulheres e pessoas que não têm nada a ver com essa disputa ideológica”, complementou.

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