‘Vendemos para nós mesmos’, diz Guedes ao criticar leilão de petróleo
Ministro da Economia culpa o modelo de partilha pelo não comparecimento de petroleiras estrangeiras e afirma que governo poderá mudar sistema para concessão
O ministro da Economia, Paulo Guedes, culpou o regime de partilha pelo não comparecimento das maiores empresas petrolíferas do mundo no leilão de petróleo da cessão onerosa realizado na quarta-feira 6. Com isso, ele adiantou que o governo pode alterar o próximo leilão da área para o regime de concessão. Ainda assim, considerou o resultado positivo, mesmo que a arrecadação antes estimada em 106,5 bilhões de reais não tenha ultrapassado os 70 bilhões de reais.
“As 17 empresas gigantes do mundo não apareceram no leilão cessão onerosa e a Petrobras levou sem ágio. Imagina se nem a Petrobras tivesse dinheiro para entrar no leilão da cessão onerosa”, admitiu o ministro, no evento “Diálogos com o TCU”, organizado pelo Tribunal de Contas da União. Guedes criticou o regime de partilha, que considerou uma “herança institucional ruim” de governos passados. “No regime de partilha, a empresa tem que furar diversas camadas de negociação antes de começar a furar o petróleo. Esse regime é usado por empresas francesas em regimes corruptos da África”, alfinetou. “O regime de partilha é difícil, colocamos um elefante para voar. Conversamos cinco anos sobre cessão onerosa, e no final deu ‘no show’, vendemos para nós mesmos”, completou.
Por isso, o ministro reconheceu que os campos que não foram vendidos na quarta deverão ser leiloados no futuro com preços menores ou até mesmo sob o regime de concessão, ao invés de partilha. “Temos que refletir se regime de concessão usado no mundo inteiro não é melhor. Não existe leilão de petróleo vazio em regime de concessão”, afirmou. “Entendemos o recado e podemos pensar em rever preços ou mudar para concessão. Podemos lá na frente arrecadar até mesmo mais do que se esperava nesse leilão.”
Guedes, entretanto, comemorou o fato de a Petrobras ter arrematado os campos de Búzios, em consórcio, e de Itapu, sozinha. “Ainda assim, o leilão da cessão onerosa foi extraordinário, e a Petrobras terá futuro espetacular pela frente. A Petrobras agora está focada e terá a maior fronteira de petróleo do mundo na mão”, afirmou o ministro.
(Com Estadão Conteúdo)