Vencedora do leilão do Metrô já administra linha 4 e Dutra
CCR, que ganhou a concessão das linhas 5-Lilás e 17-Ouro, administra rodovias, metrô, balsa e aeroportos; PSDB recebeu R$ 4,3 milhões de sócios da empresa
O Grupo CCR, que venceu a licitação do Metrô nesta sexta-feira, é uma gigante do setor de infraestrutura, com ações na bolsa de valores de São Paulo. A empresa, que será responsável pela administração e manutenção das linhas 5-Lilás (Capão-Chácara Klabin) e 17-Ouro (monotrilho) por 20 anos, já ganhou licitações em rodovias, transporte e integra o consórcio de outro trecho do metrô paulistano. Dois dos maiores sócios da empresa fizeram doações que corresponderam a 10,8% do total recebido pela campanha do governador do estado, Geraldo Alckmin, em 2014.
Dentre as concessões rodoviárias da CCR, estão trajetos de grande circulação de veículos no estado de São Paulo, como a Via Dutra (NovaDutra), o trecho oeste do Rodoanel, e o sistema Anhanguera-Bandeirantes (AutoBan). O grupo também atua no Metrô de Salvador, na balsa que faz o travessia da Baía da Guanabara, do aeroporto de Belo Horizonte e terminais no exterior.
A empresa concorreu com a CS Brasil, da JSL, que administra transporte público em cidades paulistas como Mogi das Cruzes, São José dos Campos, Itaquaquecetuba e Guararema. O critério de escolha foi o de maior valor oferecido, em moeda corrente nacional, pela outorga fixa da concessão.
Os seus principais acionistas estão a Camargo Correia, Andrade Gutierrez e Soares Penido (dona da empreiteira Serveng), que detêm pouco menos da metade dos papéis da companhia. As duas últimas fizeram 4,366 milhões de reais doações ao comitê de campanha do PSDB paulista, que foram destinados à campanha de Geraldo Alckmin ao governo em 2014.
No total, o tucano gastou 40,394 milhões de reais no pleito, segundo a prestação de contas final da campanha feita pelo partido ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O sindicato dos metroviários acusa o governo paulista de direcionar a concessão das linhas 5-Lilás e 17-Ouro para a CCR, dizendo que era um ‘leilão de cartas marcadas’. A concessão foi motivo de greve na quinta-feira.
Outro lado
Procurada por VEJA, o governo do estado de São Paulo classificou as afirmações do sindicato dos metroviários como “totalmente irresponsáveis”, e que o leilão foi feito de forma totalmente licita e respeitando as normas legais. “A disputa foi feita na modalidade internacional para ampliar a possibilidade de concorrência. O edital foi analisado por quase 90 dias pelo Tribunal de Contas do Estado, que liberou o leilão. Além disso, a realização na sede da B3 só foi possível mediante o cumprimento das regras de transparência da bolsa”, diz trecho da nota.
A CCR disse, por meio de sua assessoria, que não se manifestaria sobre as doações de seus acionistas, e que o posicionamento caberia a essas empresas.
A Andrade Gutierrez disse que não comentaria o assunto.
A Serveng não retornou o contato até o momento. O texto será atualizado caso a empresas queiram se manifestar.