Último ativo valioso de Eike tem comprador desqualificado e irá a leilão
Potencial investidor de título de dívida não apresenta garantias e é desqualificado do processo; segundo fontes, há outros interessados

Na reta final para a apresentação de lances pelo último bem valioso do ex-bilionário Eike Batista, fontes a par da negociação dão conta de que Renato da Cruz Costa, dono do RC Group, empresa que acenou com uma proposta de 350 milhões de dólares pelo ativo, não apresentou garantias para o cumprimento do pagamento. Alvo de 18 processos no Brasil e acusado de estelionato e de dar calote em diversas companhias, o dono do RC Group foi desclassificado do certame. A data inicial para a abertura de envelopes com os lances pela debênture de Eike é o dia 1º de julho, próxima sexta-feira.
A disputa é referente às debêntures emitidas pela Anglo American em posse do empresário desde negociação por ativos de sua mineradora falida, a MMX, há mais de dez anos. Após a falência da MMX, os títulos foram à leilão judicial, com lance mínimo de 350 milhões de dólares, o equivalente a quase 1,7 bilhão de reais, em valores atuais. A ideia é que o valor arrecadado pelo ativo seja utilizado para o pagamento das dívidas de Eike com a União, incluindo sua delação premiada, avaliada em cerca de 800 milhões de reais, e demais credores da massa falida da mineradora. Caso isso aconteça, Eike conseguirá se ver livre de ser preso novamente.
Com a exclusão de Costa do processo de venda do ativo, a tendência é de que o valor mínimo da pedida seja desconsiderado e que o processo de apresentação de propostas pelo bem seja prorrogado. Segundo uma fonte próxima às negociações, “o preço mínimo deve desaparecer e ganhará o maior lance”, que revela ainda que há diversos interessados pelo bem, entre bancos e fundos do Brasil e de outros países. “São todos nomes de primeira linha no cenário nacional e internacional”, diz.
Fontes a par do assunto dizem que os valores envolvendo a pedida inicial pelo ativo de Eike são “irreais”. “Não faz o menor sentido esse valor. Se o cara investir em títulos do tesouro americano, terá um retorno melhor do que comprando esse título do Eike. Dificilmente vai acontecer alguma coisa nessas bases de valor”, diz um interessado no desenrolar do processo. Além do RC Group, em dezembro, antes de o ativo ir à leilão, a Argenta Securities, corretora sediada nas Ilhas Virgens Britânicas, apresentou uma proposta avaliada em 612 milhões de reais pelo ativo. O valor é inferior à pedida no leilão. Segundo uma fonte, a Argenta não apresentou qualquer proposta durante o leilão judicial.
Após a publicação desta reportagem, representantes da Argenta Securities enviaram um comunicado no qual alegam não ter dado lance “porque é vencedora do procedimento 001/2021” e “entrou com pedido para efetuar o pagamento de sua oferta de 612 milhões de reais junto à vara”. A empresa ainda diz que “em se verificando deserta a oferta de valor mínimo de 350 milhões de dólares neste segundo procedimento, a debênture será automaticamente adjudicada a ela, Argenta, conforme petição do administrador judicial”. O comunicado prossegue: “caso a RC Group não deposite o preço em cinco dias, o edital prevê pagamento de multa de dez milhões de dólares norte-americanos em favor da massa falida, sem prejuízo das demais sanções cabíveis.”