Por Antonio De la Jara e Simon Gardner
SANTIAGO, 28 Mai (Reuters) – A economia da América Latina crescerá pelo menos 3,7 por cento neste ano, mas a região não se recuperou no âmbito fiscal do colapso do Lehman Brothers e deverá preparar planos de contingência que apoiem o crédito e ajudem a reduzir as taxas de juros, afirmou nesta segunda-feira a secretária-executiva da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), Alicia Bárcena.
Durante o Reuters Latin American Investment Summit, a chefe da Cepal declarou ainda que formuladores de políticas deveriam se focar mais em medidas monetárias do que fiscais para ajudar a mitigar as consequências da Europa se necessário, e que uma saída desordenada da Grécia da zona do euro poderia ser muito negativa para a região.
“Nossa região não está mais bem preparada que em 2007 em termos fiscais”, completou Bárcena. “No entanto, tem a capacidade para políticas anticíclicas para um baixo endividamento e provisões de reservas internacionais.”
Brasil e Chile já traçaram planos anticrise, e outros deveriam acompanhá-los nessa tarefa, acrescentou a secretária-executiva do órgão das Nações Unidas.
A América Latina foi atingida fortemente pela crise financeira internacional desencadeada pelo colapso do Lehman Brothers em 2008, golpeando crédito, liquidez, e reduzindo os preços das commodities exportadas e o crescimento.
No entanto, os sistemas financeiros da região são fortes, com bancos bem capitalizados, e a América Latina provavelmente vai lidar melhor que a Europa se houver uma queda significativa.
Bárcena afirmou ainda ver os pesos-pesados Brasil e México, assim como Colômbia, Argentina e Peru conduzindo o crescimento da América Latina neste ano, e o Caribe como a área mais vulnerável da região.
“Uma saída desordenada (da Grécia da zona do euro) poderia ter consequências mais negativas do que o que aconteceu com o Lehman Brothers, e esse cenário não pode ser descartado”, completou a chefe da Cepal.
Problemas do setor bancário espanhol também podem atingir a América Latina se as instituições decidirem vender ativos e sair do mercado, embora o setor bancário no Brasil, México e Chile poderia absorver tais vendas se necessário, completou.