Servidores do Banco Central decidem manter greve
Paralisação começou no começo de maio e prejudica divulgação de dados e o resgate do dinheiro esquecido nos bancos

O cabo de guerra entre os servidores e o governo federal continua. Os servidores do Banco Central aprovaram nesta terça-feira, 31, a continuidade da paralisação da categoria por tempo indeterminado. A decisão foi tomada com mais de 85% dos votos válidos, de acordo com o Sinal (Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central) e ocorre uma semana após a sinalização do ministro da Economia, Paulo Guedes, que seria possível conceder aumento linear de até 5% a todas as categorias do funcionalismo neste ano.
Os funcionários do Banco Central estão em greve desde 3 de maio. Eles reivindicam um reajuste salarial de 27% e reestruturação de carreira, bem acima do que o governo parece estar disposto a negociar.
A paralisação dos servidores do Banco Central tem afetado o dia a dia da autoridade monetária. Há interrupção na divulgação de estatísticas de crédito e do setor externo e na publicação de relatórios e indicadores do mercado financeiro. O Boletim Focus, que compila projeções de economistas sobre inflação e PIB não é divulgado desde o dia 29 de abril. O sistema de valores a receber, que libera o “dinheiro esquecido” nos bancos também segue fora do ar. Há cerca de 4 bilhões de reais a serem resgatados. Segundo os servidores, os serviços do PIX não serão afetados.
Em nota, o sindicato dos servidores do BC afirmam que a continuidade da paralisação decidida hoje por 85% dos presentes em assembleia deve afetar a divulgação dos dados da próxima reunião do Copom, agendada para os dias 14 e 15 de junho. É nessa reunião que o BC decide sobre a taxa básica de juros da economia. Atualmente a Selic está em 12,75% e pode ter mais um ajuste neste próximo encontro, devido à alta da inflação.
Os servidores do BC esperam que a continuidade da paralisação reabra as negociações do governo com a categoria e uma reavaliação do movimento da greve deve ocorrer na próxima terça-feira, 7 de junho. Nesta terça, carreiras do funcionalismo público federal preveem um ato público em frente à Câmara dos Deputados. Além dos servidores do BC, estão também em greve os funcionários do Tesouro Nacional e da CGU (Controladoria-Geral da União). A crise entre o funcionalismo e o governo tem origem no início deste ano, com a reserva de recursos do orçamento para reestruturação de carreiras ligadas à segurança pública, que acabou não sendo concretizada.