Selic em 15%: como a taxa impacta o consumo, o crédito e os investimentos
Decisão unânime mantém a Selic no maior patamar em quase 20 anos
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu, na quarta-feira 17, manter a taxa básica de juros da economia, a Selic, estável em 15% ao ano. A decisão foi unânime. Como justificativa, o Copom apontou a instabilidade no ambiente externo e a inflação acima da meta no Brasil, afirmando que manter os juros elevados seria a única forma de conter pressões inflacionárias. O colegiado se reúne a cada 45 dias para definir a Selic e, em 2025, ainda estão previstas duas reuniões: 4 e 5 de novembro e 9 e 10 de dezembro.
Com essa decisão, muitos se perguntam como ficam os investimentos e o mercado financeiro. A tendência é que o impacto ocorra por meio de quatro canais principais. O primeiro é a desaceleração econômica. O efeito colateral da alta nos juros é o “freio” que ela impõe sobre a atividade, com o objetivo de reduzir a demanda por bens e serviços e aliviar a pressão sobre os preços. A retração do consumo pode se refletir nos resultados das empresas, que tendem a registrar queda nos lucros. Setores como varejo e construção civil são os que mais sofrem em períodos de Selic elevada, já que dependem do crédito e do ritmo da economia.
O segundo canal é a precificação das ações na bolsa. Esse movimento está ligado ao processo de valuation, que calcula o preço justo das empresas listadas. Quanto mais alta a taxa de juros, menor tende a ser o valor presente dos fluxos de caixa futuros, o que prejudica a avaliação das companhias e pressiona as cotações. O terceiro canal é o custo de crédito para as empresas. Com juros mais altos, companhias que possuem dívidas atreladas a taxas variáveis enfrentam aumento nas despesas financeiras. Isso eleva o custo total do endividamento e reduz a margem de lucro, além de limitar a capacidade de novos investimentos.
Eduardo Solamone, diretor de RI da Sol Agora, avalia que a manutenção desse patamar de juros nominais muda pouco para o tomador de crédito no curto prazo. Segundo ele, o que realmente faz diferença é o juro de longo prazo. “O que realmente impacta os tomadores de crédito é o juro de longo prazo, que em janelas de cinco anos ainda permanece bastante alto, ao redor de 13,5%. O trabalho do Banco Central é justamente controlar as expectativas para que esse juro e a inflação recuem para níveis menos restritivos, permitindo que a economia volte a ganhar fôlego”, afirmou.
Por fim, o quarto canal é o custo de oportunidade dos investimentos. Em períodos de Selic elevada, ativos de renda fixa, como títulos públicos, fundos de crédito privado e CDBs tornam-se mais atrativos em relação às ações. Essa migração de investidores da bolsa para a renda fixa reduz a liquidez do mercado acionário e pressiona os preços das ações, resultando em quedas adicionais no pregão.
Para o especialista Tiago Ranalli, sócio da CX3 de Investimentos, a recente elevação da Selic muda o panorama dos investimentos. “Uma Selic elevada reduz a atratividade relativa da renda variável, já que a renda fixa passa a oferecer retorno alto e seguro. “Com isso, o desempenho pode variar muito de acordo com fatores adicionais como câmbio, demanda externa, política e gestão das próprias empresas.”
Investimentos no exterior
Apesar do nível elevado dos juros no Brasil, que tornam os ativos de renda fixa mais atrativos, e da trajetória de queda das taxas nos Estados Unidos, manter parte do portfólio no exterior segue sendo uma estratégia relevante. A diversificação internacional contribui para diluir riscos, ampliar a exposição a diferentes setores da economia global e proteger o investidor de oscilações específicas do mercado doméstico.
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