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Sanha populista de Lula ganha reforço com posse de Gleisi Hoffmann nesta segunda-feira

Chegada da petista ao ministério pode selar guinada do presidente, que já mira as eleições de 2026

Por Márcio Juliboni Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 10 mar 2025, 12h39 - Publicado em 10 mar 2025, 10h03

A guinada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o populismo econômico ganhará um importante reforço a partir desta segunda-feira 10, quando Gleisi Hoffmann será empossada como a nova ministra das Relações Institucionais. Ela, que presidiu o PT até a semana passada, é uma declarada opositora à política de austeridade fiscal defendida pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e pelo novo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo.

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Em diversas ocasiões, Gleisi e o PT atacaram o que chamaram de “austericídio fiscal” em um documento divulgado pelo Diretório Nacional da legenda em dezembro de 2023. A expressão fez sucesso nas hostes petistas, mas criou um grande constrangimento para o governo Lula e Haddad. A fim de apagar o incêndio, Gleisi afirmou que o texto não era uma crítica ao colega de partido. Não colou, e a reação foi a alta do dólar, que, por sua vez, pressionou a inflação e obrigou o BC a subir os juros.

Nos últimos dias, a nova ministra tem se esforçado para se descolar da pecha de leniente com a farra fiscal e de opositora a Haddad. Gleisi vem afirmando que foi nomeada para cuidar de assuntos políticos, e não da economia. A explicação também não convence ninguém, já que, no papel de coordenadora das relações com o Congresso, deverá negociar a aprovação de diversas medidas importantes para a Fazenda, com o potencial de pressionar ainda mais a dívida pública ou de contê-la.

A primeira tarefa de Gleisi será ajudar na aprovação do Orçamento de 2025, que deve ser votado agora que o Congresso voltou do recesso de Carnaval. Além de lidar com a pressão dos parlamentares por mais emendas, a nova ministra também deverá ajudar Haddad a encaixar no Orçamento os arroubos populistas de Lula, como o Gás para Todos, que deve suceder o atual Auxílio Gás. Defendido pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, o projeto deve ampliar os atuais 5,6 milhões de famílias para 20 milhões no benefício, ao custo de 3,4 bilhões de reais.

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O problema é que isso seria feito por fora do Orçamento. O plano era que os recursos fossem repassados diretamente da renda auferida com o pré-sal para a Caixa Econômica Federal, que se encarregaria de distribuí-los aos mais pobres. O Tribunal de Contas da União (TCU), contudo, brecou a manobra, por entender que havia indícios de pedalada fiscal, e exigiu que o custo total do projeto fosse incluído no Orçamento — e não apenas os 600 milhões de reais reservados na proposta orçamentária em debate no Congresso.

Outro caso é o Pé-de-Meia, programa de assistência a 4 milhões de estudantes carentes do ensino médio. Seu custo é estimado entre 10 bilhões e 15 bilhões de reais, que seriam bancados com fundos geridos pelo Ministério da Educação. Assim como o Gás para Todos, o TCU também determinou que o Pé-de-Meia entre no Orçamento.

Para ajustar esses novos gastos, Haddad afirmou que a Fazenda tem trabalhado para cortar outras despesas, a fim de encaixar tudo sem descumprir a meta fiscal proposta para este ano — zerar o déficit primário, com margem de tolerância de 0,25 ponto percentual para mais ou para menos.

Como sempre, com um cobertor curto, as pastas e os parlamentares que correm o risco de receber menos recursos que o previsto estrilam. Caberá a Gleisi lidar com essas demandas. Suas ações, mais do que suas palavras, mostrarão se, de fato, se converteu ao racionalismo econômico defendido de modo cada vez mais solitário por Haddad e ajudará o colega a cumprir a meta fiscal. A julgar pelo passado recente da nova ministra, os prognósticos são preocupantes.

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