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Sabesp privatizada poderá atuar em outros Estados e segmentos, diz Tarcísio

Desafio da concessionária será conciliar a obrigação de universalizar serviços em São Paulo até 2029 e investimentos em outras áreas

Por Márcio Juliboni Atualizado em 23 jul 2024, 18h27 - Publicado em 23 jul 2024, 15h29

A Sabesp (SBSP3), agora uma companhia privada que tem a Equatorial Energia como acionista de referência, deve expandir sua atuação para além do Estado de São Paulo e de seu mercado de origem – o saneamento básico. Na cerimônia de toque da campainha da B3, nesta terça-feira, 23, que marcou a nova fase da companhia, o governador Tarcísio Gomes de Freitas afirmou que “a Sabesp está livre para avançar no território de São Paulo, do Brasil e da América Latina, e está livre para operar no mercado de biogás, de biometano”.

A desestatização da empresa foi concluída ontem, com o pagamento da Equatorial e outros investidores ao governo paulista pelas ações que compraram no follow-on. Na operação, o Estado de São Paulo reduziu sua participação na Sabesp de 50% para 18%. A Equatorial ficou com 15% da Sabesp, pagando 6,9 bilhões de reais, o equivalente a 67 reais por ação. Outros 17% foram vendidos a grandes investidores, como fundos estrangeiros, também por 67 reais por papel. No total, o governo paulista embolsou 14,8 bilhões de reais.

A expansão da Sabesp para além de sua terra-natal e de seu core business, no entanto, precisa passar por algumas etapas. A primeira e mais óbvia é a aprovação da chegada da Equatorial ao seu quadro de acionistas. O processo está em análise no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). A expectativa é que o órgão se pronuncie até o início de agosto. Por ora, nem o governo paulista, nem a Equatorial vislumbram problemas na aprovação.

O aval do Cade liberará a Equatorial para, enfim, assumir a empresa. Para tanto, será necessário convocar uma assembleia geral de acionistas que elegerá o novo conselho de administração, já com a configuração prevista no acordo, em que a presidência dessa instância caberá a um indicado do acionista de referência. Em seguida, a Equatorial indicará a nova diretoria executiva, mesmo que o mandato de alguns membros da atual gestão vença apenas no ano que vem. Segundo os envolvidos no assunto, esses trâmites devem ser concluídos por volta de setembro.

Enquanto isso, a atual diretoria, indicada por Tarcísio, preparou um plano de transição de cem dias, que será apresentado ao novo acionista de referência, quando houver o sinal verde do Cade. “À medida que a Equatorial puder participar do processo, trará seus inputs para que a gente possa implementar o plano”, afirmou André Salcedo, atual presidente da Sabesp. “Será uma transição normal, observadas as questões regulatórias”, disse.

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Outro fator determinante para que a Sabesp invista fora de São Paulo e entre em novos mercados é sua capacidade de conciliar esses planos com a obrigação, prevista em contrato, de universalizar os serviços de água e esgoto nos 371 municípios que atende até 2029. Para tanto, serão necessários investimentos estimados em 70 bilhões de reais.

Parte desses recursos retornará à Sabesp, via Fundo de Apoio à Universalização dos Serviços de Água e Esgoto de São Paulo (Fausp), criado pelo governo paulista para estabilizar a tarifa cobrada dos consumidores e, ao mesmo tempo, remunerar a concessionária e a Equatorial pelos investimentos planejados. O fundo será abastecido com 30% do que o Estado arrecadou com a venda da Sabesp, ou seja, 4,4 bilhões de reais, além de 100% dos dividendos a que tem direito pelos 18% da companhia que ainda possui.

De acordo com Natália Resende, secretária estadual de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística e uma das arquitetas da desestatização, os recursos do fundo serão suficientes para manter a curva de reajuste das tarifas abaixo da que seria necessária para recompensar a Equatorial e a Sabesp pelos investimentos na universalização. Assim, a concessionária e sua nova acionista serão remuneradas pelos investimentos já realizados, e não pelo que pretendem fazer, como no modelo vigente antes da privatização.

Para Augusto Miranda, presidente da Equatorial, a qualidade do corpo técnico da Sabesp e seu porte permitem “sonhar e pensar grande”. Na coletiva de imprensa, o executivo afirmou que, “com a geração de caixa dessa plataforma [Sabesp] e com a capacidade que a Equatorial tem de acesso ao mercado de capitais, é possível pensar em expandir dentro do Brasil e até fora, mas sempre preso ao compromisso de universalização dos serviços em São Paulo.” A Sabesp encerrou 2023 com um Ebitda ajustado de quase 10 bilhões de reais. A cifra é 36% maior que a do ano retrasado.

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