Real valorizado? Olhando o Big Mac, não tanto assim
Dólar está quase 8% desvalorizado frente ao real no ano, mas poder de compra dos americanos ainda é 23% maior que do brasileiro
A moeda brasileira valorizou frente as principais do mundo neste ano. Com exceção do rublo russo, o real ficou mais forte frente a todas na comparação com uma cesta de 22 moedas, de acordo com levantamento da HCI Invest. Com juros altos para controlar a inflação, o Brasil se tornou um destino atrativo para os investidores que buscam maiores rendimentos de suas aplicações, mas o ciclo de elevação de juros em grandes economias vinha ameaçando esse reinado.
O temor dessa inversão de investimentos foi reduzido na manhã desta quarta-feira, 10, após a divulgação dos dados de inflação dos Estados Unidos. A inflação desacelerou de 9,1% para 8,5%, levemente abaixo do esperado, aumentando as expectativas de que o banco central norte-americano, o Fed, não precisará fazer aumentos agressivos, o que pode manter o diferencial de juros do Brasil ainda atrativo. “Dados mais fracos na inflação nos EUA tira a pressão sob o Fed de realizar um aperto monetário tão forte”, diz Felipe Izac, sócio da Nexgen Capital.
A possibilidade de um juros menor nos Estados Unidos diminui os riscos de apreciação do dólar. O DIX, índice que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, cai mais de 1% nesta tarde. Na comparação com as moedas emergentes, o real brasileiro se destaca com valorização de 1,5%. No ano, o dólar já se desvalorizou 7,97% frente ao real. Apesar do enfraquecimento do dólar frente a moeda brasileira, a taxa de câmbio ainda está longe da considerada ideal para que o brasileiro consiga viajar para os Estados Unidos gastando menos, segundo mostra o índice Big Mac, que analisa o poder de compra das moedas de diferentes países.
Criado pela revista The Economist, o índice compara o preço em dólar do lanche em diferentes países. No Brasil, o lanche é vendido por 22,90 reais (4,53 dólares na cotação atual), enquanto nos Estados Unidos o valor é 5,15 dólares. Essa diferença mostra que o poder de compra do brasileiro é 23% menor comparado ao americano. Isso significa que para o brasileiro comprar a mesma comida nos Estados Unidos, ele teria que desembolsar mais dinheiro.
Um dólar menos apreciado é uma boa notícia para o Brasil que também enfrenta inflação alta, mas não garante que os brasileiros possuem maior poder de compra. Como a inflação atualmente é um fenômeno global, os preços no cenário doméstico e internacional estão mais caros. Recentemente, o Mc Donald’s comunicou que o resultado da empresa no segundo semestre foi impulsionado pelos preços mais altos, mas não pelo volume de vendas.