Quem é Lisa Cook, a diretora que Donald Trump quer demitir do Fed
Economista é a primeira mulher negra a fazer parte do Conselho de diretores do Federal Reserve

Depois de desafiar a ordem de demissão Donald Trump e dizer que não renunciará no cargo, a economista Lisa Cook, diretora do Federal Reserve, está no centro das atenções nesta terça-feira, 26, em mais uma escalada de tensão entre a gestão do banco central americano e a Casa Branca.
Primeira mulher negra a fazer parte do Conselho de diretores do Federal Reserve em mais de 100 anos de história, ela assumiu o cargo em maio de 2022. Sua nomeação, porém, foi fruto de uma votação apertada no Senado, 51 votos a 50, com desempate decidido pela vice-presidente à época, Kamala Harris.
Antes de chegar ao Federal Reserve, Lisa Cook foi professora de economia e relações internacionais na Michigan State University e trabalhou como economista no Conselho de Assessores Econômicos na gestão de Barack Obama.
Como pesquisadora acadêmica, Lisa relacionou a violência racial e inovação econômica. Seu trabalho mostra que a violência contra afro-americanos resultou na diminuição de patentes registradas por inventores negros entre 1870 e 1940. O interesse pelo tema remonta às suas origens. Nascida em Milledgeville, na Geórgia, em 1964 Cook testemunhou e sofreu os efeitos da segregação racial nas escolas ainda durante a infância, o que a motivou a se dedicar aos estudos cada vez mais.
Ela se formou em Física e Filosofia no Spelman College, e se tornou a primeira bolsista Marshall da instituição, conquistando a bolsa de estudos de pós-graduação no Reino Unido de maior prestígio para os americanos. Na Universidade de Oxford obteve um segundo diploma em filosofia política e economia. De volta aos Estados Unidos, obteve um doutorado em economia na Universidade da Califórnia, em Berkeley, onde se especializou em macroeconomia e economia internacional.
Por que Trump demitiu Lisa Cook
O anúncio da sua demissão do Federal Reserve foi feito nesta segunda-feira, 25, com uma publicação nas redes sociais de uma carta de Trump endereçada a Cook. Na carta, Trump afirma que “existe causa suficiente para removê-la de sua posição” e justifica a demissão com acusações de que ela teria cometido fraude hipotecária. A suspeita é que a diretora teria contratado financiamentos para duas propriedades, ambas registradas como sua residência principal.
O Departamento de Justiça afirmou que pretende investigar o caso, inicialmente levantado pelo diretor da Agência Federal de Financiamento Habitacional, Bill Pulte. Cook não foi formalmente acusada de nenhuma irregularidade. “No mínimo, o caso em questão demonstra um nível de negligência grosseira em transações que coloca em dúvida sua competência e confiabilidade como reguladora financeira”, afirmou Trump.
Em resposta, a diretora do Federal Reserve disse que Trump não tem autoridade para demiti-la. Ela classificou a decisão como ilegal e reforçou que não pretende deixar sua posição no Conselho do Fed, onde tem mandato até 2038. “Não há causa legal para isso”, afirmou em comunicado divulgado por sua equipe jurídica, acrescentando que adotará medidas legais contra a iniciativa.
Os fatos que mexem no bolso são o destaque da análise do VEJA Mercado: