Produção industrial registra maior aceleração em 24 anos
Em dezembro, porém, indicador apresentou queda de 0,7%, segundo o IBGE
Embora tenha recuado 0,7% em dezembro, o ritmo da produção industrial no país registrou alta de 10,5% no acumulado de 2010 – a maior aceleração desde 1986. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na comparação com o mesmo período de 2009, a produção industrial aumentou 2,7% em dezembro do ano passado. A queda registrada pelo IBGE foi relativa ao mês de novembro.
Segundo o IBGE, houve avanço na produção em 25 dos 27 ramos da indústria pesquisados. Entre os setores que acumulam maiores ganhos estão o de veículos automotores (24,2%), máquinas e equipamentos (24,3%), metalurgia básica (17,4%), indústrias extrativas (13,4%) e produtos de metal (23,4%). Apenas os ramos de fumo e de outros equipamentos de transporte denotaram queda no acumulado do ano: -8% e – 0,1%, respectivamente.
Comparação mensal – Dentre os 27 setores que compõem o calculo do indicador, 15 registraram alta e 11 registraram queda entre os meses de novembro e dezembro. A maior influência negativa veio do ramo de material eletrônico e equipamentos de comunicação, com retração de 13,3%, seguido, em ordem decrescente, do setor de metalurgia básica (-4,2%), edição e impressão (-2,5%), outros equipamentos de transporte (-2,1%), celulose e papel (-1,5%) e farmacêutico (-1,5%).
Já entre aqueles que apresentaram saldo positivo estão: máquinas e equipamentos (1,8%); outros produtos químicos (1,5%); minerais não metálicos (2%); equipamentos de instrumentação médico-hospitalares, ópticos e outros (9,7%) e máquinas para escritório e equipamentos de informática (3,9%).
Em relação às categorias de uso, na mesma comparação entre meses, apresentaram os principais índices de queda: bens de consumo duráveis (-0,6%); bens de consumo semi e não duráveis (-0,4%) e bens de capital (-0,5%), após avanço de 3,2% em novembro.
Pós-crise – Para minimizar os efeitos da crise financeira mundial de 2008 no Brasil, o governo lançou mão – entre 2009 e 2010 – de uma série de medidas para manter alta a oferta de crédito à população e alavancar o consumo. Um exemplo dessas ações foi a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para a indústria automotiva e os produtos da chamada linha branca. Passada a crise, essas medidas foram retiradas. E, por isso, podem ser verificados dois momentos na trajetória de crescimento da produção industrial no ano passado.
O primeiro deles vai de março de 2009 a maio de 2010, quando houve elevação generalizada do ritmo de produção em território nacional, chegando a 22%. Neste período, todos os itens que compunham o indicador apresentaram ganhos, com destaque para bens de consumo duráveis (46,5%) e bens de capital (29%). Já o segundo, com início em junho de 2010, aponta para uma queda no nível de produção global de 1,5% até dezembro. Todas as categorias de uso apresentaram queda, principalmente, bens de consumo semi e não duráveis (-1,9%) e bens de capital (-1,4%). A despeito dos altos e baixos registrados no ano passado, os ganhos em relação a 2009, quando o indicador retraiu 7,4%, foram evidentes em todas as categorias de uso e o cenário negativo do período de crise foi, enfim, revertido.