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Presidente do Fed adota tom ‘dovish’ e afasta aumento de juros nos EUA

Segundo analistas, fala de Powell não faz jus à piora recente de indicadores econômicos no país

Por Juliana Machado Atualizado em 8 Maio 2024, 14h05 - Publicado em 1 Maio 2024, 19h22

O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, adotou um discurso “dovish” – isto é, menos inclinado a um aumento de juros – em relação à política monetária praticada nos Estados Unidos, afastando fortemente a tese de um aumento na taxa nos próximos meses. Os comentários do dirigente foram feitos em entrevista coletiva nesta tarde, após a autoridade monetária americana decidir manter inalterado o juro no país, na faixa entre 5,25% e 5,50% ao ano.

Segundo alguns economistas, a direção dada por Powell nas suas declarações é bastante arriscada porque, apesar de reconhecer a inflação alta, elas não fazem jus à piora em indicadores recentes, que mostram a economia americana ainda muito aquecida e um índice de preços resiliente. Ao apontar para uma leitura “dovish”, o dirigente corre o risco de precisar enfrentar uma mudança na direção da política monetária, caso os dados futuros não mostrem melhora.

“Se o cenário que Powell está desenhando não se materializar, ou seja, não tivermos dados realmente positivos de inflação, ele estará muito errado”, afirma Gabriel Barros, economista-chefe da Ryo Asset. “Se não houver uma reversão de cenário, será preciso corrigir fortemente o discurso. Ou seja: ele está tomando um risco grande ao não reconhecer de forma fidedigna a piora que tivemos nos dados.”

Ainda de acordo com o economista, chama a atenção a declaração do dirigente a respeito da inflação de salários, ao afirmar que o Fed “não tem meta” para isso e minimizar os efeitos na inflação de serviços. Além disso, Powell também se ancorou no chamado “soft data”, isto é, dados mais qualitativos de atividade, para tecer suas conclusões sobre o mercado de trabalho, mostrando-se pouco preocupado.

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“Quando questionado se os juros estavam suficientemente restritivos, ele fugiu da resposta e disse que não há evidência de que esteja restritivo, o que é um debate legítimo, dado que o juro atual não tem feito nem cócegas na economia”, diz Barros. “Se ele estiver certo, os mercados vão continuar reagindo bem. Mas, se estiver errado, a mudança de discurso será tão substancial que o mercado terá uma forte reação.”

Após os comentários de Powell, os rendimentos dos títulos de dívida de dez anos dos Estados Unidos, referência global de risco, operam em queda, enquanto as bolsas americanas avançam – um mercado que demonstra bom humor e com investidores aceitando mais risco.

Para Felipe Corleta, sócio da GTF Capital, Powell rejeitou a ideia de alguns pessimistas de que o juro poderia voltar a subir e reforçou a tese de taxas mais altas por mais tempo na economia americana, de olho na dinâmica de preços da economia. “Ele não descartou cortar [os juros] ainda este ano, mas disse que vai demorar mais do que se esperava para ganhar a confiança necessária para conter a inflação”, afirma.

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