Preços do petróleo disparam após ataque a refinarias na Arábia Saudita
Índice Brent sobe 19% na abertura com anúncio de que estatal saudita cortará pela metade a produção diária de barris - cerca de 6% do abastecimento mundial
Os preços do petróleo registram altas acentuadas nas bolsas de valores de todo o mundo nesta segunda-feira 16, como consequência do ataque às instalações da estatal Saudi Aramco, a maior companhia processamento do óleo no mundo, ocorrida na Arábia Saudita no último sábado. Segundo informações da BBC, o setor atingiu o pico mais alto em quatro meses na abertura dos mercados.
No início das negociações desta segunda-feira, o índice de petróleo futuro Brent subiu 19%, para 71,95 dólares por barril, enquanto outro grande marco, o West Texas Intermediate, subiu 15%, para 63,34 dólares. Em algumas horas, os dois índices recuaram: às 5h10 (de Brasília), o barril do petróleo tipo Brent para entrega em novembro avançava 8,60% na ICE, para 65,40 dólares, enquanto o do WTI para outubro subia 7,68% na Nymex, a 59,06 dólares.
A expectativa é que novas altas sejam registradas nos próximos dias, afetando o preço de combustíveis e outros derivados em todo o mundo.
Por conta do ataque, a Arábia Saudita anunciou a suspensão temporária da produção diária de 5,7 milhões de barris – perto da metade da produção do reino. Trata-se do equivalente a 6% do abastecimento mundial e mais que o dobro de toda a produção brasileira, que gira em torno de 2,7 milhões de barris ao dia. O restabelecimento pleno dos trabalhos da estatal saudita pode levar semanas.
Como medida para atenuar os efeitos no mercado americano, o presidente Donald Trump autorizou a liberação de petróleo da Reserva Estratégica do país, em quantidade não especificada. Em sua conta no Twitter, afirmou que os Estados Unidos aguardam um posicionamento saudita com possibilidade de agir em resposta aos ataques.
Especialistas consideram que o bloqueio da produção saudita pode gerar impactos comparáveis ou piores do que os causados por outras interrupções históricas de fornecimento.
“Quando as forças iraquianas de Saddam Hussein invadiram o Kuwait em 1990, retirando sua produção do mercado e colocando em risco a enorme produção de petróleo da Arábia Saudita, os preços mais que dobraram em dois meses. No entanto, o ataque de sábado pode ser mais significativo do que isso”, escreveu Spencer Jakab, editor do americano The Wall Street Journal.
Apoiados pelo Irã e há cinco anos em confronto com a coalizão militar liderada pelos sauditas, os rebeldes huthis xiitas, do Iêmen, assumiram a autoria dos ataques, realizados com drones contra instalações da gigante estatal Aramco. Diversos incêndios foram registrados, mas sem vítimas.