Preços ao produtor desaceleram forte em 2023 e registram deflação de 4,98%
Safra recorde de alimentos, queda no valor das commodities e valorização do câmbio contribuíram com o resultado do setor
Os preços do setor industrial tiveram variação negativa de 0,18% em dezembro de 2023 frente ao mês anterior, o segundo resultado negativo em sequência. Com isso, a inflação da indústria 2023 com queda de 4,98%, a menor desde o início da série histórica, em 2014. Os dados são do Índice de Preços ao Produtor (IPP), divulgado nesta quinta-feira, 1º de fevereiro, pelo IBGE. A taxa foi aproximadamente oito pontos percentuais, quando havia registrado inflação de 3,2%.
A queda na inflação da indústria se relaciona com a desaceleração do índice geral: o IPCA encerrou o ano em 4,62% e, com isso, o país fechou um ano com a inflação dentro da meta pela primeira vez desde 2020.
De acordo com Felipe Câmara, analista da pesquisa, a deflação registrada no setor está relacionada com a queda de preços generalizada no setor no primeiro semestre. “Ao analisar o resultado de 2023, é preciso lançar luz também sobre a apreciação cambial acumulada no ano, que amenizou o custo de importação de insumos, tornou os bens finais produzidos no exterior mais competitivos e reduziu o montante recebido em reais pelo exportador brasileiro”.
O IPP mede a variação dos preços de produtos na “porta da fábrica”, ou seja, sem impostos e frete, de 24 atividades das indústrias extrativas e de transformação. As atividades que tiveram as principais influências no acumulado da indústria geral vieram de refino de petróleo e biocombustíveis (-1,85 p.p.), outros produtos químicos (-1,51 p.p.), metalurgia (-0,60 p.p.) e alimentos (-0,60 p.p.).
“A cotação de comodities chave para as cadeias industriais brasileiras entrou em trajetória de queda no mercado internacional. O movimento perdurou até o primeiro semestre de 2023, com posterior moderação na curva de preços. É o caso do barril de petróleo, insumo principal do setor de refino. Algo semelhante ocorreu com os fertilizantes e defensivos, itens da indústria química consumidos na lavoura.” diz Câmara.
O IBGE também destaca a fabricação de alimentos, que se beneficiou da safra recorde de grãos. Na metalurgia, os produtos de alumínio puxaram a queda setorial por razões similares às expostas para os demais derivados de comodities. O mercado para esses itens esteve desaquecido frente à baixa atividade percebida e projetada nas cadeias consumidoras ao longo do ano, algo que também se estendeu aos derivados da siderurgia.
Pela perspectiva das grandes categorias econômicas, o resultado anual se estabelece a partir da variação de -1,62% em bens de capital (com influência de -0,12 p.p.), -7,87% em bens intermediários (-4,52 p.p.) e -0,96% em bens de consumo (-0,34 p.p.).