Prates sinaliza entrada do Brasil na Opep+, mas sem cotas de produção
Presidente da estatal afirma que o país deve ser uma espécie de observador; decisão final será tomada em junho

O presidente-executivo da Petrobras, Jean Paul Prates, defendeu a entrada do Brasil na Opep+, grupo composto pelos países membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo, entre eles a Arábia Saudita e Venezuela, e produtores aliados, como a Rússia e o México.
A declaração de Prates ocorre no mesmo dia em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou em seu discurso na COP28 que as economias globais precisam diminuir a dependência de combustíveis fósseis e apostar nas energias renováveis, posição que não é defendida pelo grupo petrolífero.
“Eles chamam outros países que não têm direito a voto e não são impostas cotas a esses países. Jamais participaríamos de uma entidade que estabelecesse cota para o Brasil, ainda mais com o apoio da Petrobras que é uma empresa aberta no mercado e não pode ter cota”, afirmou o executivo. Questionada por VEJA sobre a fala do presidente, a Petrobras não respondeu até a publicação desta reportagem.
Uma das principais resistências para o Brasil participar das cotas é a Petrobras, que busca elevar sua extração no país, para ampliar a oferta de derivados no mercado interno. Além disso, a companhia obtém importantes receitas com exportações de petróleo. O Brasil é o maior produtor de petróleo da América do Sul, com uma produção de 4,66 milhões de barris de óleo equivalente ao dia (petróleo e gás) em setembro.
Este não é o primeiro convite da entidade para que o Brasil faça parte de seus quadros. Em 2019, durante o governo de Jair Bolsonaro, o país foi convidado pela Arábia Saudita, mas recusou a adesão.
Como funciona a Opep+
A Opep tem como objetivo coordenar e unificar as políticas de produção e exportação da commodity pelos países membros, visando sempre “salvaguardar os seus interesses, individual e coletivamente”, afirma a organização em seu estatuto. Além dos 13 países membros, o grupo com o “+” tem aliados que participam das discussões, como Rússia e México.
Na prática, as decisões da Opep+ em determinar a produção tem como resultado o controle de preços no mercado global. Com uma maior produção, o preço tende a ficar mais barato. Já com uma menor produção, a commodity tende a ficar mais cara.
Na quinta-feira, 30, a Opep anunciou um corte voluntário de 2 milhões de barris por dia na produção global de petróleo a partir de janeiro de 2024. A medida é recorrente e avaliada por analistas de mercado como uma tentativa de entidade de manter os preços do petróleo em patamares elevados. O petróleo tipo brent é negociado a 80 dólares por barril nesta sexta-feira.