Powell crava corte de juro nos EUA, e mercado calibra próximos passos
Especialistas citam possibilidade de cortes de juros mais fortes após falas de dirigente do Federal Reserve
O mercado financeiro finalmente verá o que tanto esperou: um corte de juros nos Estados Unidos. Amplamente discutida ao longo do ano, a redução das taxas na maior economia do mundo agora é uma realidade próxima, conforme discurso certeiro dado por Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed), o banco central americano, na manhã desta sexta-feira, 23.
“Minha confiança de que a inflação está caminhando para 2% cresceu”, disse o dirigente do Fed durante o simpósio de Jackson Hole. “O momento chegou para o ajuste na política monetária.”
Economistas e analistas são praticamente unânimes na expectativa de uma redução dos juros a partir da reunião de setembro, que ocorre no dia 18. O grande debate, agora, é qual será a magnitude da redução.
“Não tem cenário hoje que não seja de cortes de juros”, afirma Helena Veronese, economista-chefe da B.Side Investimentos. Para ela, existe uma chance não desprezível de o Fed começar o ciclo de redução do juro já com um corte mais forte, de 0,50 ponto percentual, a depender dos resultados de indicadores divulgados até a reunião — em especial o chamado Payroll, relatório que traz a situação do mercado de trabalho americano.
“O próximo Payroll sai no dia 6 de setembro e, no dia 18, é a reunião do Fed. Então, esse dado será determinante para saber o ritmo de cortes”, diz a economista. “Se o Payroll vier fraco, mostrando uma geração de empregos menor, eles cortam 0,50 ponto sem dúvida. Por outro lado, se mostrar mais força, com desemprego um pouco menor e com salários e criação de vagas fortes, o mercado deve precificar um corte de 0,25 ponto.”
Economistas também apontam que a maior preocupação do Fed, agora, é com a situação de desemprego nos Estados Unidos, já que o papel desempenhado em relação à inflação foi praticamente cumprido. Vale lembrar que o Fed tem mandato duplo: cuidar da inflação e do mercado de trabalho.
“O Fed está confortável com o processo de desinflação, e o corte de juros agora se faz necessário para reduzir o nível de contração monetária, de olho na preservação do mercado de trabalho, que voltou ao equilíbrio”, afirma um profissional de mercado de uma grande gestora que prefere não se identificar.
Em meio à consolidação das expectativas de corte de juros na maior economia do mundo, as bolsas se animam e seguem em alta. O Ibovespa sobe 0,72%, aos 136.081 pontos, em linha com os índices americanos Dow Jones, Nasdaq e SP&P 500. Já o dólar opera em queda de 1,51%, a 5,49 reais.