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Porto de Santos fecha parte de terminal e pega setor químico de surpresa

Indústria vê risco de desabastecimento momentâneo com decisão e tenta negociar para que reforma no local seja postergada

Por Josette Goulart Atualizado em 30 set 2020, 17h01 - Publicado em 30 set 2020, 11h13

Um dos berços dos terminais químicos do Porto de Santos foi fechado na semana passada para reforma e permanecerá assim pelos próximos oito meses – e a indústria química diz que foi pega de surpresa com a decisão. As empresas afirmam que podem ter um problema de desabastecimento momentâneo em alguns setores que dependiam do porto para sua rede logística, já que a capacidade de operação dos terminais líquidos será reduzida em um terço.

O presidente da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), Ciro Marino, afirma que existe uma tentativa de negociar com a autoridade portuária para que a reforma seja postergada até que a indústria possa rearranjar sua rede logística, seja transferindo carga e descarga para outros portos do país ou até mesmo ajustando produção para se adequar à nova capacidade operativa do porto.

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O presidente do Porto de Santos, Fernando Biral, diz que a reforma já estava programada desde maio, quando foi homologada a licitação para a obra. Ele acrescenta que a culpa de a indústria não ter sido informada é dos operadores dos terminais, a Ageo e a Adonai Química. Os berços dos terminais líquidos da margem esquerda do porto, na Ilha de Barnabé, estão com problemas estruturais há anos e as estacas precisam ser reformadas para que não desabem.

Biral garante que o processo foi tornado público com os resultados da licitação, com a informação repassada ao Conselho do porto que tem representantes dos empresários. Ele menciona ainda o fato de os dois operadores de terminais já estarem trabalhando em conjunto com a autoridade portuária desde agosto para dar início às obras. “Fomos pegos de surpresa que a indústria tenha sido pega de surpresa”, diz Biral. A Ageo e a Adonai Química não se manifestaram até a publicação desta reportagem.

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Com o problema apresentado pela indústria química, a autoridade portuária estuda adiar a obra por algumas semanas. Eles também verificam se há possibilidade de abrir parcialmente os terminais durante a noite ou os fins de semana, já que as obras só podem ser feitas de dia. Estudos precisam mostrar que não haverá risco nesse cenário, já que as obras produzem faíscas e os produtos que chegam aos terminais são inflamáveis. Os dois berços, São Paulo e Bocaina, serão reformados, mas não simultaneamente. A expectativa é de que cada berço fique oito meses em obras. Um terceiro berço, na margem direita estará operando normalmente. Segundo a autoridade portuária, cada berço que vai entrar em reforma representa apenas de 5% a 8% da capacidade total do Porto de Santos e simulações feitas nesta manhã mostram que a capacidade da Ilha de Barnabé será reduzida entre 15% e 20%.

A logística de produtos químicos e líquidos dentro do Porto de Santos é feita em terminais específicos por questões de regras de segurança para o manuseio deste tipo de material. Em casos extremos, alguns materiais podem causar estragos profundos como foi o caso do porto em Beirute, no Líbano, que explodiu, devastando a cidade, por conta do nitrato de amônia armazenado no local. O Porto de Santos é o maior do Brasil e estima-se que cerca de 10% da carga que é movimentada no local seja de produtos considerados perigosos.

Além de ser um ponto de referência para carga internacional do setor químico, o porto também é o principal modal logístico para o transporte de insumos da própria indústria nacional. A Basf, por exemplo, usa a rota Salvador-Santos para transportar acrilato de butila que é um dos principais insumos para a fabricação de tintas. “Vai pegar justamente a alta estação da produção de tintas, que é de outubro a janeiro”, diz Marino, da Abiquim.

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