Por que o dólar teve sua maior disparada desde março de 2020
Conjuntura internacional de aumento de juros nos EUA e lockdowns na China por causa da Covid-19 fizeram moeda disparar 4,04% e fechar a R$ 4,80

O dólar fechou o pregão desta sexta-feira, 22, em alta de 4,04%, cotado a 4,806 reais. Foi a maior alta diária para o câmbio desde março de 2020, início da pandemia de Covid-19. Ao longo da semana, o avanço foi de 2,33%. O resultado é proveniente de um temor maior por parte do mercado com a última fala do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, que apontou uma alta mais agressiva para a próxima reunião da autarquia monetária americana no mês de maio. Segundo ele, seria apropriado “agir um pouco mais rapidamente”, com uma alta de 0,5 ponto percentual já no próximo encontro, para contornar a disparada da inflação no país.
Juros mais altos nos EUA elevam a atratividade de se investir na renda fixa americana, o que tende a aumentar o ingresso de recursos na maior economia do mundo, o que deve valorizar o dólar perante a outras moedas. A fala de Powell deixou investidores surpresos e, como reflexo disso, não só o dólar disparou, como a maioria das bolsas de valores mundo afora tiveram baixo desempenho no dia.
Paira sobre o mercado também um receio de que a economia global cresça menos por conta da alta dos juros e do impacto das medidas de restrição impostas pelo governo chinês a regiões como Xangai, com alta de casos de Covid-19. Autoridades do Banco Central Europeu (BCE) também afirmaram que a instituição pode começar a elevar os juros da Zona do Euro já em julho, enquanto a autoridade do Banco da Inglaterra, Catherine Mann, disse que os custos de empréstimos provavelmente terão que aumentar mais. Os mercados monetários da Zona do Euro precificam agora alta de 0,25 ponto nos juros até julho. No Brasil, a Selic, taxa básica de juros, vigora neste momento em 11,75% ao ano.