Por que o dólar não para de subir? Especialista explica
Cristiane Quartaroli, economista-chefe do Ouribank, explica por que o câmbio segue pressionado

Com a votação do pacote de corte de gastos na pauta do plenário do Congresso Nacional, nesta quinta- feira, 19, dólar voltou a disparar em um cenário marcado por forte pressão na taxa de câmbio e aumento nos juros futuros. A moeda americana chegou a bater novo valor nominal de 6,30 reais durante a manhã. O Banco Central realizou intervenção com mais dois leilões para conter a alta da moeda, que recuou um pouco, mas se mantém acima de 6,15 reais: e às 11h30 era negociada a 6,17 reais.
Segundo Cristiane Quartaroli, economista-chefe do Ouribank e especialista em câmbio, o movimento está relacionado a uma piora na percepção de risco do Brasil. “A questão fiscal, os desencontros políticos e a crise institucional têm afetado a confiança do mercado nas ações do governo, o que está diretamente pressionando o câmbio”, explica.
A alta do dólar também impacta a inflação e, consequentemente, as expectativas para os juros. “Com o câmbio mais alto, a expectativa é de impacto negativo na inflação, o que eleva as taxas de juros futuros”, diz Quartaroli.
Além do cenário interno, fatores externos contribuem para a pressão cambial. A economista aponta que a possibilidade de o Banco Central americano (Fed) reduzir menos os juros nos Estados Unidos adiciona mais incerteza ao mercado. “Esses dois fatores – a piora institucional no Brasil e as perspectivas de juros mais altos lá fora – são os principais motivos para a alta do dólar hoje”, diz.
A especialista descarta que o movimento esteja ligado ao relatório trimestral de inflação divulgado pelo Banco Central nesta quinta-feira. “O documento trouxe informações técnicas e sem grandes novidades, então não deve estar impactando o câmbio”, diz.