Por que o Dia das Mães de 2021 deve ser marcado por promoções
Após período de portas fechadas, aposta está na queima de estoque; CNC calcula R$ 12,12 bi em vendas, acima dos R$ 8 bi do ano passado, mas abaixo de 2019
O Dia das Mães é, historicamente, a segunda data mais importante para o comércio no ano, atrás apenas do Natal. Considerada como ponto-chave para o lucro dos lojistas no primeiro semestre, a data ganhou ainda mais relevância em 2021. Após um longo período com as portas fechadas em função da aceleração no número de casos e mortes por Covid-19 no país, os comerciantes receberam permissão para reabrir justamente no período de compra dos presentes, e devem apostar maciçamente em descontos e promoções, em vista que os ganhos ficaram comprometidos nos últimos meses e parte dos estoques encalhou.
“Tivemos uma mudança de estação com o comércio fechado, portanto, quem ficou com estoque da estação anterior vai procurar liquidá-lo”, aponta Marcel Solimeo, economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP). Outra tônica a ser observada é a participação do e-commerce nas vendas deste ano. Em 2020, o segmento foi praticamente o único meio acessível para os filhos presentearem suas mães. A expectativa é de que as vendas para a data cresçam em relação ao ano de 2020. Segundo a Confederação Nacional do Comércio, Bens, Serviços e Turismo (CNC), o volume de vendas deste ano está estimado em 12,12 bilhões de reais, 46% acima dos 8,26 bilhões de reais em 2020. O patamar, entretanto, está abaixo de 2019, quando o volume foi de 12,34 bilhões de reais em vendas.
Agora, com as lojas físicas abertas, é esperado que segmentos como o de vestuário e calçados recuperem parte do prejuízo, já que essas categorias ainda enfrentam alguma resistência das pessoas no comércio eletrônico. “O caminho mais provável é a combinação entre as duas modalidades, em que o consumidor vê um produto na loja e compra pela internet, ou vice-versa”, analisa Solimeo.
A estimativa de vendas mais altas neste ano se deve ao fato que, embora as incertezas ainda sejam grandes, os brasileiros aprenderam a lidar melhor com a pandemia. Em 2020, o Dia das Mães aconteceu numa época em que as pessoas estavam majoritariamente em casa e muitas delas sem renda, uma vez que programas como o auxílio emergencial estavam em implementação e a perda de postos de trabalho foi acentuada, chegando a 1 milhão de vagas fechadas em abril passado. Além disso, a falta de máscaras e álcool em gel no mercado aumentava a insegurança da população sobre o vírus.
Para 2021, questões como o desemprego, a redução das parcelas do auxílio emergencial e a própria escalada da pandemia devem ser levadas em conta na equação do Dia das Mães, e por isso o nível de consumo não deve chegar ao do dia das mães pré-pandemia. “Ainda há uma cautela muito grande por parte das pessoas, então é provável que, para atrair o consumidor, exista um número maior de promoções”, analisa Rodolpho Tobler, economista da FGV/Ibre. Embora o atendimento presencial apresente suas restrições e os lojistas lutem para ampliar o horário de trabalho, foi justamente esse período de aprendizado para lidar com as limitações ao longo dos últimos 13 meses que permite, agora, o funcionamento, mesmo que parcial, dos estabelecimentos.
“A tendência é de que o Dia das Mães não seja tão ruim como o de 2020, mas também de que ainda não alcance os patamares de 2019. Podemos dizer que as vendas devem ficar no meio desse caminho, tendendo um pouco mais para o lado dos números do ano passado”, complementa Tobler. “Não deixa de ser uma data importante para balancear o calendário do varejo, mas com a expectativa de que em 2022 o cenário seja mais positivo, com o avanço da vacinação”.
Mesmo com os descontos e promoções, é preciso lembrar que a inflação e a desvalorização cambial ainda são fatores que pesam na balança, seja para os lojistas ou para os consumidores. De acordo com a CNC, dos 17 itens que compõem a cesta de bens e serviços no Dia das Mãe, apenas cinco se encontram mais baratos do que há um ano, com destaque para as variações observadas nos preços de bolsas (-7,6%), artigos de maquiagem (-6,3%) e livros (-3,1%). Por outro lado, aparelhos de TV, som e informática (+19,2%) e joias e bijuterias (+14,4%) acusam altas de preços expressivas nos últimos doze meses. Na média, os preços desses bens ou serviços acusam a maior variação de preços dos últimos cinco anos.