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Por que novas sanções anunciadas por Biden ainda são consideradas brandas

Pedido do presidente da Ucrânia, a exclusão da Rússia da rede bancária SWIFT ainda não foi realizada

Por Luisa Purchio 24 fev 2022, 17h01

Em pronunciamento realizado na tarde desta quinta-feira, 24, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou novas sanções à Rússia e as classificou como “a maior sanção econômica da história” ao país. Apesar das medidas, a exclusão da Rússia da rede bancária SWIFT, um pedido do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, ainda não foi realizada.

Além de prejudicar Putin, a exclusão geraria problemas para o comércio internacional de petróleo, gás e metais e para países europeus que realizam transações com a Rússia. Apesar disso, Biden afirmou a jornalistas que “as sanções que expusemos se excedem ao SWIFT. São maiores que qualquer coisa que já foi feita. As nações que geram dois terços da renda do mundo estão conosco”, disse ele.

Questionado por jornalistas sobre o baixo efeito das sanções para conter as ações de Putin, Biden respondeu que “ninguém esperava que as sanções prevenissem qualquer acontecimento, elas demoram um tempo para surtir efeito” e que “isso não vai acontecer de uma hora para a outra. Ele vai testar os resultados e nós persistiremos.” Joe Biden afirmou ainda que “impor sanções e ver as suas reações são coisas diferentes”. “Ele [Putin] se verá tão fraco em seu próprio país que terá de fazer escolhas muito difíceis caso queira continuar no poder”, afirmou o democrata.

Medidas

As sanções envolvem excluir a Rússia de negociações em dólares e outras moedas como libra, euro e yen, além de impor barreiras a pelo menos mais quatro bancos russos, o que na prática significaria congelar todos os seus ativos nos Estados Unidos. Personalidades de grande poder aquisitivo da Rússia também serão atingidos, além do acesso a financiamentos e tecnologias com efeitos ao “programa espacial russo” e congelamento de recursos em instituições americanas. “Hoje, estou autorizando sanções fortes e novos limites sobre o que pode ser exportado para a Rússia, com custos fortes à Rússia agora e ao longo do tempo”, disse ele. Sobre a possibilidade de reações militares, Biden afirmou que isso ocorrerá apenas caso algum país pertencente à OTAN seja atacado pela Rússia.

Apesar das declarações, especialistas preveem que elas não serão capazes de deter o presidente russo, que de acordo com Biden quer “restabelecer a União Soviética”. Para Lenina Pomeranz, especialista em economia russa da USP e doutora pelo Instituto Plejanov de Moscou de Planificação da Economia Nacional, o fundo de reservas russo com mais de 600 bilhões de dólares acumulados com os excedentes do valor internacional do petróleo deixam o país em posição confortável. “Esse fundo de reserva com os excedentes do valor internacional lhe conferiu uma fortuna que permitirá enfrentar os dramas e o cerco econômico tranquilamente. Por maiores que sejam as sanções, ela vai atravessar  essa crise muito bem”, disse ela.

O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, que havia sofrido críticas durante a semana pela suavidade das sanções, também anunciou nesta quinta-feira novos cercos contra a Rússia, classificando-o como o “maior e mais severo pacote de sanções econômicas que a Rússia já viu”. Entre elas está cercear a atuação de bancos e de pessoas próximas ao presidente Vladimir Putin, além de membros da elite russa que usufruem de regalias em Londres.

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