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Por que algumas ações do Ibovespa saltaram mais de 100% até junho (e outras derreteram)

Histórias bem-sucedidas de reestruturação, bons resultados setoriais e cenário econômico favorável ajudaram alguns papéis a disparar no semestre

Por Ana Paula Ribeiro Atualizado em 1 jul 2025, 15h09 - Publicado em 1 jul 2025, 15h04

A combinação de um cenário internacional instável com o reposicionamento de investidores globais contribuiu para a valorização de 15,4% do Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, no acumulado do primeiro semestre. A política comercial dos Estados Unidos e os conflitos geopolíticos em curso levaram à busca de mercados alternativos, favorecendo a Bolsa brasileira – mesmo com as incertezas fiscais no ambiente doméstico.

No acumulado do ano até o dia 26 de junho, a B3 registrou entrada líquida de 25,7 bilhões de reais em capital estrangeiro, revertendo o movimento do ano passado, quando houve saída líquida de 24,2 bilhões.

Os ganhos do Ibovespa, contudo, não seguiram uma linha reta ao longo do semestre. Rodrigo Moliterno, sócio e head de renda variável da assessoria de investimentos Veedha, lembra que o otimismo do início do ano deu lugar às preocupações com a deterioração fiscal no Brasil e às incertezas sobre os juros nos Estados Unidos.

A valorização das ações brasileiras ganhou força nos últimos meses, com o maior fluxo de estrangeiros para a Bolsa, à medida que o pessimismo com o cenário internacional pesava mais que os temores de que o Palácio do Planalto não debelará a crise fiscal.

“A imposição de tarifas da nova política comercial dos Estados Unidos deixou os mercados bastante apreensivos”, diz Moliterno. “Mas, nos últimos dois meses, com a suspensão de algumas medidas, a volatilidade ficou menor, com o mercado entendo melhor o impacto nas economias.”

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Foi em meio a essas incertezas que os mercados emergentes ganharam força, incluindo o Brasil. O retorno dos estrangeiros à Bolsa permitiu a recuperação de ações que apresentavam um desempenho inferior ao que se esperava, quando confrontadas com os resultados financeiros das companhias que representam.

Por isso, é natural que se pergunte quais delas mais ganharam nesse cenário? As empresas do setor de educação estão entre os principais destaques no semestre, assim como o setor de construção civil. A campeã do Ibovespa no semestre foi a Cogna (COGN3), com uma disparada de 164,8%.

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Na avaliação de Eduardo Rahal, analista-chefe da casa de análises Levante Inside Corp, esses ganhos estão atrelados a fatores macroeconômicos e operacionais. O primeiro é a política monetária. A taxa Selic está em 15% ao ano, mas o Banco Central (BC) já sinalizou que o ciclo de alta terminou. O segundo fator está ligado ao dia a dia da Cogna.

“Há uma maior confiança na execução operacional. A companhia entregou resultados consistentes, manteve guidance e anunciou distribuição de dividendos de 120 milhões de reais, além de programa de recompra, diz Rahal. ”São sinais de que o turnaround avança.”

O terceiro maior ganho do Ibovespa foi registrado pela Yduqs (YDUQ3), também do setor de educação, com um salto de 100,7%. Neste caso, a alta também está ligada a uma reprecificação do setor e aos resultados que a empresa apresentou no último trimestre.

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“No primeiro trimestre, a companhia superou o consenso do mercado com resultados operacionais sólidos, inadimplência sob controle e geração de caixa robusta”, explica Rahal. “A alavancagem inferior à de seus pares reforça a atratividade da tese como possível pagadora de dividendos no médio prazo.”

Quem também surpreendeu os investidores foi a rede de atacarejo Assaí (ASAI3), com valorização de 103,1%. O aumento das vendas acima da inflação e uma melhora na curva de juros são as justificativas para o bom desempenho das ações. Também se destacaram a operadora de turismo CVC (CVCB3), que passa por uma reestruturação das operações. Suas ações subiram 73,9%.

Já no caso da construtora e incorporadora Direcional (DIRR3), o benefício veio da queda dos juros reais (descontada a inflação), que tende a incentivar a compra de imóveis. A companhia também é uma das principais operadoras do programa Minha Casa, Minha Vida, que recebeu um novo impulso com o terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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A Direcional foi beneficiada ainda pelo maior fluxo de recursos dos investidores para o segmento das small caps (empresas de menor capitalização de mercado). Além disso, a empresa aumentou a distribuição de dividendos. Como resultado, seus papéis terminaram o semestre com uma valorização de 69,1%.

Composto por quase noventa papéis, entre ações ordinárias, preferenciais e units, o Ibovespa também contou com ações que encerraram o período em queda. Entre as que mais perderam, estão as ações da Raia Drogasil (RADL3), com recuo de 30,9%. Moliterno, da Veedha, afirma que a empresa vem apresentando resultados aquém dos esperados pelos investidores e, por isso, é penalizada na Bolsa.

Na sequência aparecem as ações da Brava Energia (BRAV3), com queda de 26%, seguidas por São Martinho (SMTO3), com -24,5%. De forma geral, as empresas de commodities foram penalizadas neste semestre. As ações da Raízen (RAIZ4) acumularam queda de 23,6%, e as da Usiminas (USIM5), de 22,6%.

“A Usiminas enfrenta um cenário incerto para as commodities, por conta de maior concorrência”, diz o sócio da Veedha, referindo-se ao aço importado que invadiu o Brasil nos últimos anos, acarretando protestos das siderúrgicas locais, que afirmam que o produto entra no país a preços menores que os custos de produção, caracterizando a prática de dumping. “Já a São Martinho e a Raízen, produtoras de álcool, são penalizadas em momentos de petróleo em alta”, explica Moliterno.

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