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Por que a expansão do PIB no 3º trimestre acende alerta para o BC

Para evitar que esse cenário alimente ainda mais a inflação, a autoridade monetária deverá endurecer sua postura com uma Selic mais alta

Por Luana Zanobia Atualizado em 3 dez 2024, 16h35 - Publicado em 3 dez 2024, 16h28

O Brasil está em uma trajetória inédita de crescimento, com o PIB marcando seu 15º trimestre consecutivo de alta no terceiro trimestre de 2024. Com um avanço de 0,9% em comparação ao trimestre anterior e crescimento de 4% em termos anuais, o desempenho vem  superando as expectativas.

O crescimento tem sido alimentado, em grande parte, pelo mercado de trabalho aquecido e por programas de transferência de renda que reforçam o poder de compra da população. “Em conjunto com os dados do mercado de trabalho, que segue bastante apertado, os números do PIB não deixam dúvidas de que a atividade econômica segue em ritmo forte no país”, diz Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad.

No entanto, não existe um consenso de que esse cenário se manterá no próximo ano. “Temos uma dinâmica preocupante relacionadas à pressões inflacionárias e juros ainda mais altos em 2025. Além disso, incertezas sobre o quadro fiscal deverão pesar sobre a confiança de agentes econômicos por algum tempo”, diz Igliori.

A inflação, que está acima da meta de 3%, e a depreciação do real vão exigir uma resposta do Banco Central. A autoridade monetária, que no início do ano estava realizando cortes nos juros, mudou de direção e passou a elevar  Selic devido a desancoragem da inflação.

O hiato do produto – diferença entre o crescimento efetivo e o potencial da economia – agora é positivo, o que implica que o país está operando além de sua capacidade. Para evitar que esse cenário alimente ainda mais a inflação, o Banco Central deve endurecer sua postura. O economista-chefe Luciano Costa, da Monte Bravo, acredita que a autoridade monetária precisará elevar a Selic em 1 ponto percentual nas reuniões de dezembro e janeiro, e realizando aumentos adicionais no início de 2025. Se essa previsão se confirmar, o Brasil pode encerrar o ciclo de alta com uma taxa de 14,25% ao ano.

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Esse aumento nos juros, embora necessário para conter a inflação, terá um efeito inevitável sobre o consumo e os investimentos. O crédito mais caro tende a esfriar a demanda das famílias e desacelerar a produção, o que pode frear o crescimento no médio prazo. Apesar disso, o Banco Central está em uma posição onde o controle inflacionário é prioritário. Sem uma ação firme, os ganhos recentes podem ser corroídos por uma inflação descontrolada, prejudicando ainda mais a confiança dos investidores e a estabilidade econômica de longo prazo.

O desafio à frente será encontrar o equilíbrio entre manter o ímpeto do crescimento econômico e assegurar que a inflação não escape ao controle.

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