Polícia Federal abre investigação preliminar sobre ‘pane’ na Câmara
Durante votação da PEC das Bondades, sistemas de internet e de registro de votos sofreram apagão; destaques e segundo turno podem ser apreciados hoje

A Polícia Federal disse que vai abrir um procedimento preliminar de investigação sobre falhas no sistema de votação e na internet na Câmara dos Deputados, registradas na sessão de terça-feira 12, durante a votação da PEC das Bondades, que prevê a decretação de um estado de emergência e um furo de 41 bilhões de reais no teto de gastos para a ampliação e criação de benefícios sociais até dezembro deste ano, uma das grandes apostas do presidente Jair Bolsonaro (PL) para crescer nas pesquisas eleitorais.
“A Polícia Federal foi acionada na noite desta terça-feira pela Câmara dos Deputados para apurar falhas na internet e inconsistências no sistema de votação da Casa. Após o acionamento, uma equipe técnica esteve no local e fez as primeiras verificações. Foi instaurado procedimento preliminar de apuração na Superintendência da Polícia Federal no Distrito Federal e as diligências continuam a fim de esclarecer prontamente o ocorrido”, informou a PF em nota.
O problema nos sistemas deixou o site da Câmara e o canal do YouTube da Casa, que transmitia a sessão, fora do ar, além de causar instabilidade no sistema remoto de votação. A Câmara aprovou a proposta em primeiro turno, mas a sessão foi suspensa durante a apuração dos destaques por causa dos problemas técnicos.
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), acionou a Polícia Federal depois da suspensão. Segundo ele, a Câmara dos Deputados tem dois sistemas de internet alternativos, coordenados por empresas diferentes, mas nenhum dos dois estava em funcionamento. “Não é usual, não é normal, não é compreensível que dois sistemas de internet sejam desligados simultaneamente na Câmara dos Deputados. E isso nós vamos investigar sem juízo de valor”, disse.
Manobras
Com a abertura do procedimento de apuração na PF, a conclusão da votação da PEC deve ficar para a tarde desta quarta-feira e não para a sessão de 9h, como fora previamente acertado. Para além da apuração da PF, Lira tenta entrar em acordo com a oposição para manter o painel de presença registrado ontem, com 479 deputados presentes. Segundo o regimento, o painel poderia ser mantido durante uma hora. Logo, a oposição pede novamente a abertura do painel de registro de presença na nova sessão.
O quórum é importante porque o governo precisa de pelo menos 308 votos para evitar alterações no texto, o mesmo número mínimo necessário para aprovação em segundo turno. Um dos destaques, que fez inclusive a votação ser suspensa na quinta-feira passada, é da retirada do estado de emergência da PEC — usado para justificar o pagamento dos programas sociais durante o ano das eleições, o que é vedado pela lei eleitoral.