Plataforma de idiomas Babbel entra no segmento corporativo
Aplicativo de ensino de idiomas planeja inaugurar nas próximas semanas modalidade destinada a treinamentos e benefícios a funcionários
O sistema de ensino de idiomas online Babbel vai lançar uma modalidade de assinatura com foco em clientes corporativos. A assinatura é voltada para empresas que querem oferecer o serviço para seus funcionários – como forma de treinamento ou benefício.
Segundo o diretor de comunicação da Babbel, Christian Hillemeyer, a empresa já tinha notado uma demanda por parte das empresas, mas vinha concentrando seus esforços no consumidor final.
A companhia avalia que, embora o mercado de usuários finais ainda apresente boas perspectivas de crescimento, a Babbel tem recursos para entrar no segmento corporativo. “Ao longo do tempo, nós temos feito bastante conteúdo profissional, como de inglês de negócios, que inclui tópicos como negociações, apresentações, viagens a trabalho”, avalia Hillemeyer.
As empresas poderão contratar os cursos por um determinado período de tempo, e as assinaturas não se renovam automaticamente após o fim do prazo. A ideia é que esse modelo ajude no planejamento das companhias. Há planos de oferecer também descontos de acordo com a quantidade comprada.
A companhia defende que o fato de os cursos serem feitos por uma equipe de especialistas em linguagem torna o conteúdo mais realista, o que justifica a cobrança de assinaturas tanto na versão para usuários finais como na corporativa. “Não acho que as empresas pagariam por um treinamento em que os funcionários aprendam frases como ‘o pinguim bebe leite’”, diz Hillemeyer.
Críticas aos algoritmos
O exemplo é uma crítica velada a outros aplicativos de ensino de idiomas que baseiam o sistema de aulas em escolhas de tópicos por algoritmos, em especial ao Duolingo. A concorrente americana, que está à frente em número de downloads entre usuários do iPhone e Android, oferece cursos gratuitos que são montados de acordo com a necessidade dos usuários, em vez de seguir um método fixo.
Para a diretora de crescimento da Duolingo, Gina Gotthilf, a qualidade dos cursos com escolha dos tópicos por computador é benéfica porque permite atender as necessidades específicas de cada pessoa. “Pode ser que você tenha dificuldade com verbos, enquanto eu teria mais problema com algumas expressões”, compara.
Ela ressalta que o Duolingo tem linguistas como parte da sua equipe, e que são feitos testes constantemente com grupos de usuários para medir a eficácia da plataforma.
Dois pesquisadores da Universidade da Cidade de Nova York e da Universidade da Carolina do Sul têm testado os aplicativos de aprendizado de idiomas. Um estudo de 2012 indicava que por meio do Duolingo era possível aprender em 34 horas o equivalente a um semestre de um curso de espanhol universitário. A Babbel também foi avaliada, em 2016, e atingiu a marca de 15 horas.
Modelo de negócios
Sobre o modelo gratuito, a Duolingo afirma que o propósito da empresa é democratizar o acesso à educação de idiomas, e também contribuir para a melhoria dos métodos de ensino. “Infelizmente, um curso de inglês é muito caro para muitas pessoas em países desenvolvidos”, diz Gina.
O modelo de financiamento da empresa se baseia em uma versão paga sem anúncios, a venda de pacotes e itens especiais dentro do curso pago – como um curso destinado a ensinar expressões para flertar ou a possibilidade de baixar as aulas para estudar offline – e a venda de certificação.
Este último item, que custa 50 dólares (157 reais), tem função similar a testes como Ielts e Toefl, e é aceito em universidades americanas, dentre elas Yale. A expectativa é que a empresa comece a dar lucro até o final do ano “ou, pelo menos, chegar perto disso”, diz Gina.