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Plano de Biden para controlar preço da carne afeta empresas brasileiras

Associação Brasileira de Comércio Exterior critica plano americano que visa aumentar a competitividade da carne de lá e derruba ações de JBS e Marfrig

Por Luisa Purchio Atualizado em 4 jan 2022, 15h59 - Publicado em 4 jan 2022, 15h48

A inflação é um dos principais problemas que atinge as economias globais. Assim como no Brasil, a alta dos preços nos Estados Unidos pressiona o banco central de lá a elevar a taxa básica de juros do país. Para combatê-la, o presidente americano, Joe Biden, anunciou um plano que visa conter a disparada de preços e aumentar a competitividade do setor de carnes. Ontem, dia que o programa foi divulgado, as ações dos frigoríficos cotados em bolsas nos EUA mostraram ter sentido o impacto.

Em entrevista a VEJA, José Augusto de Castro, presidente executivo da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), criticou a iniciativa e afirmou que ela certamente afetará o Brasil e a Austrália, que ao lado dos Estados Unidos ocupam os postos de maiores exportadores de carne do mundo — nesta segunda-feira, 3, a Argentina divulgou que suspenderá as exportações até 2023. “Quem cria concorrência justa é o mercado, toda vez que se cria artifícios a tendência é ter reflexos negativos em outros pontos não previstos. Não dá para criar uma concorrência só nos Estados Unidos e não afetar o Brasil e a Austrália”, disse ele.

A iniciativa de Biden derrubou os preços das ações da JBS em mais de 5% neste início de ano, saindo do patamar de 13,70 dólares na bolsa de Nova York no último dia 31 para 12,90 na terça-feira, 3, enquanto a Marfrig caiu 6,4%. Já a Tyson Foods, por sua vez, maior empresa de vendas de carnes dos EUA, cresceu 0,74% no período.

“É incomum um país com extrema liberdade de mercado como os Estados Unidos criar artifícios. No fundo ele não quer regular. Ele quer reduzir preços, mas isso é o mercado que faz. É natural que o preço suba quando há aumento de demanda”, analisa Castro. No ano passado, o preço de carne no mundo disparou com o aumento do consumo. Diferentemente do porco e do frango, a criação do boi é uma cadeia mais extensa e leva pelo menos dois anos do nascimento ao abate. Por isso, a produção do alimento não acompanhou a demanda mundial.

O CPI (Consumer Price Index, na sigla em inglês), índice que mede a inflação nos Estados Unidos, acumulou em novembro alta de 6,4% para alimentos consumidos em casa, o maior desde 2008. O índice para carnes, aves, peixe e ovos cresceu 12,8%, enquanto a carne disparou 20,9% no período.

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No Brasil, de acordo com dados da Associação Brasileira de Frigoríficos, de janeiro a novembro de 2021 o país exportou menos carne, porém teve um aumento de 10% na receita, para 8,5 bilhões de dólares, devido ao aumento do preço do produto.

Medidas de Biden

Entre as medidas anunciadas pelo presidente, está um portal de internet no qual os produtores podem denunciar práticas abusivas de comércio, e uma ajuda federal no valor de 1 bilhão de dólares para incentivar produtores independentes que estariam sendo prejudicados pelas chamadas práticas anticompetitivas das grandes empresas de comercialização destes alimentos.

“Capitalismo sem competição não é capitalismo, é exploração”, disse o presidente americano na segunda-feira, 3, em relação às carnes e aves, e afirmou ainda que vai “lutar por preços mais justos” tanto para consumidores quanto para fazendeiros. Após participar de uma reunião virtual com produtores, com o secretário de Agricultura e com o procurador-geral, lançou uma campanha para combater o que chamou de práticas anticompetitivas.

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