PIB de serviços aquém do esperado no 1º trimestre é prévia do que vem pela frente
Com quase 60% de peso na composição do PIB brasileiro, fraco desempenho do setor de serviços reforça expectativa de freada da economia

Se o forte crescimento do agronegócio no primeiro trimestre já era esperado e o forte incremento da taxa de investimentos foi a surpresa positiva do Produto Interno Bruto (PIB) divulgado nesta sexta-feira 30, o setor de serviços foi o destaque negativo ao vir abaixo do esperado. Na comparação com o último trimestre de 2024, o setor cresceu 0,3%, aquém das projeções que apontavam para algo entre 0,5% e 0,6%. Com um peso de quase 60% na composição do PIB brasileiro, o mau desempenho foi determinante para que a economia crescesse 1,4% sobre o fim do ano passado.
Entre os serviços computados pelos Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os de transportes, armazenagem e correios foram os únicos a apresentar resultado negativo, ao recuar 0,6% na comparação com o quarto trimestre de 2024. Os serviços de intermediação financeira também apresentaram desempenho menor que o da média geral, com alta de apenas 0,1%.
“A retração na indústria e o crescimento modesto nos serviços evidenciam que ainda há muito a ser feito para equilibrar o crescimento entre os setores e garantir um desenvolvimento mais sustentável e inclusivo”, afirma Felipe Vasconcellos, sócio da Equus Capital. Sem isso, os analistas apontam para a forte dependência do agronegócio para a economia nacional. A safra recorde de grão no início do ano foi determinante para que o PIB do campo saltasse 12,2% na comparação com o fim de 2024 e sustentasse o resultado positivo da economia em geral.
Mas, os especialistas apontam que essa contribuição se esgotará nos próximos meses. Sem um bom desempenho dos outros componentes do PIB, a tendência é que o crescimento desacelere. “Embora os dados mostrem que a economia brasileira registrou forte expansão no início do ano, acreditamos que esse impulso deve ser temporário”, afirma Claudia Moreno, economista do C6 Bank. “Para os próximos trimestres, esperamos que o PIB cresça menos ou fique estável.” O C6 Bank projeta um crescimento de 2% neste ano. Se confirmado, o número representará uma freada em relação a 2024, quando o PIB cresceu 3,4%.