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Petrobras deveria ser diluída em várias empresas, diz Doria

Em entrevista a VEJA, governador afirma que a cessão da companhia permitiria a criação de um fundo que compense a flutuação dos preços

Por Victor Irajá 26 nov 2021, 11h07

Em meio às disputas com o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, para se consolidar como o candidato do PSDB à presidência da República, o governador de São Paulo, João Doria, tem se posicionado sobre os principais assuntos latentes às eleições do ano que vem, como a economia — e um dos calcanhares de Aquiles do governo de Jair Bolsonaro. Em entrevista a VEJA, o governador opinou a respeito de seu plano para combater o aumento do preço dos combustíveis. “A nossa posição é a favor da privatização da Petrobras, mas não para transferir um monopólio público para um monopólio privado, e, sim, dividir a Petrobras, através de uma modelagem bem elaborada, bem estruturada, para que ela posso ser diluída em várias empresas com força, com capacidade”, diz o governador.

Em consonância com o que defende seu secretário de Fazenda, Henrique Meirelles, Doria defende a criação de um fundo que subsidie a flutuação exorbitante do preço dos combustíveis. “Defendemos que, como parte dessa modelagem, seja obrigatória a formação de um fundo de compensação com depósitos mensais, para evitar que quando ocorra o aumento do barril de petróleo esse custo seja imediatamente repassado para o consumidor. Portanto, com esse fundo, teríamos uma equação viável, positiva, que evitaria os aumentos sucessivos no preço dos combustíveis e do gás de cozinha”, afirma Doria.

A VEJA, Meirelles — que já presidiu o Banco Central e foi ministro da Fazenda — defendeu a consolidação de um fundo que absorva impactos inesperados nos preços. “Existem dois fatores significativos para o preço dos combustíveis: o valor do barril de petróleo em âmbito internacional e a cotação do dólar. Para resolver o problema de estabilização de preços, é necessário que, quando aumenta o preço do petróleo lá fora, existam mecanismos para se aplainar os preços aqui”, defende. A proposta encontra confluência com o principal projeto sobre o tema discutido no Congresso Nacional, mas é diferente da que defende o ministro da Economia, Paulo Guedes.

Líder do governo na Casa, Fernando Bezerra (MDB-PE) publicou no Twitter, na semana passada, a defesa de um Fundo de Estabilização dos Preços dos Combustíveis. Em vez de subsidiar o preço dos combustíveis, como defendem parlamentares ligados ao governo e a equipe do governo de São Paulo, Guedes defende ao presidente Jair Bolsonaro que o fundo, abastecido por dividendos da Petrobras, coloque “dinheiro na mão do povo” e sirva para anabolizar programas sociais do governo. De origem liberal, segundo o ministro, a ideia envolveria “dar liberdade” para que a população fizesse o que quisesse com os recursos.

Como mostra reportagem de capa de VEJA desta semana, a gasolina que há um ano tinha preço médio 4,35 reais o litro no país, hoje vale em média 6,40 reais. Em alguns pontos do país, como o Rio de Janeiro, o valor médio é maior e bate em 7,34 reais. Em Bagé, no Rio Grande do Sul, já chegou em 7,94 reais. Desde o início do ano, a alta do preço do barril do petróleo chegou a superar os 60%, e as perspectivas não são animadoras, apesar de algumas variações negativas nos últimos dias, por conta do avanço da Covid no Hemisfério Norte e do plano do presidente Joe Biden de usar reservas para atacar as perspectivas de alta. O banco de investimentos Goldman Sachs estimou, no fim de outubro, que a pressão da demanda poderia levar os preços para acima dos 90 dólares ainda este ano, e o Bank of America defendeu que a marca dos 120 dólares pode ser atingida no primeiro semestre de 2022.

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