Perspectivas de inflação e câmbio sobem para 2023
Sinalizações de um governo mais gastador e sem compromisso com a responsabilidade fiscal alteraram as perspectivas otimistas no cenário econômico
As sinalizações de um governo mais gastador e de menor compromisso com a responsabilidade fiscal, conforme a PEC da Transição, que prevê o estouro do teto em mais de 145 bilhões de reais por dois anos para acomodar o Bolsa Família no valor de 600 reais, e as indicações de Lula para a composição do governo com nomes ligados à velha política do PT elevaram as perspectivas de inflação e câmbio para 2023, de acordo com o Boletim Focus, divulgado na manhã desta segunda-feira, 19.
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu para 5,17% na projeção para 2023, ante 5,01% há um mês atrás e 5,08% na semana passada. Para este ano, as expectativas arrefeceram pela segunda semana consecutiva, de 5,79% para 5,76%, reflexo ainda das medidas de isenção tributária para os combustíveis e demais benefícios concedidos no período pré-eleitoral pelo presidente Jair Bolsonaro.
Apesar do aumento da inflação, as perspectivas da Selic para 2023 se mantém em 11,75% desde a semana passada, mas representa um aumento de 0,25 ponto percentual comparado há um mês atrás após a deterioração fiscal ficar mais acentuada nas últimas semanas. A projeção também aumentou para 2024, precificada em torno de 9%. Para este ano, como já confirmado pelo Banco Central em sua última reunião, a Selic encerra o ano em 13,75%.
Com a piora nas expectativas econômicas, o câmbio também subiu de 5,25 reais para 5,26 reais. As projeções também sobem em 2024 para 5,24 reais e em 2025 para 5,30 reais. As expectativas para o crescimento econômico (PIB) cresceram em 2023 de 0,75% para 0,79%, mas voltaram a cair em 2024, de 1,70% para 1,67%.