Páscoa mais salgada: produtos da data sobem mais que o dobro da inflação
Chocolates, bacalhau e produtos para a preparação de pratos típicos dispararam neste ano em relação ao mesmo período de 2022
As festividades da Páscoa, próximo feriado do calendário nacional, têm um peso importante neste ano: a inflação. Os itens para a mesa da data registraram um aumento médio de 12%, em comparação com o ano passado, segundo dados do Instituto Brasileiro da Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV-Ibre). A taxa é quase três vezes maior que o índice de inflação medido pela fundação, de 4,81% na terceira semana de março.
Os produtos que mais subiram foram de hortifrutigranjeiros, fundamentais para a bacalhoada. Os ovos ficaram 27,31% mais caros neste ano, enquanto a cebola disparou 22,76%. Entre os peixes, atum (12,97%), sardinha em conserva (11,46%) e bacalhau (10,91%) também estão mais caros. “Desde 2020 até o terceiro trimestre do ano passado, vivemos um período de pressão sufocante de custos: problemas climáticos, forte desvalorização cambial, problemas energéticos, logísticos, entre outros, afetaram a oferta de vários alimentos no país”, explica o economista Matheus Peçanha, responsável pelo levantamento.
Um dos itens que não costumam faltar na mesa do brasileiro no período, o chocolate, também teve variação expressiva, avançando 9,65%. No caso do chocolate, os efeitos sentidos no preço acumulado vêm da alta do leite no inverno de 2022. “A partir do último trimestre de 2022, os custos começaram a desacelerar: o clima melhorou junto com a produtividade do campo, os preços das commodities despencaram, mas, quando olhamos o acumulado dos 12 meses, percebe-se que ainda não foi o suficiente para compensar o cenário anterior”, afirma.
Nenhum dos itens da cesta recuou de preço nos últimos 12 meses e apenas dois dos 14 produtos pesquisados subiram abaixo da inflação geral: batata inglesa e couve, ambos com percentual de 2,23%.
Oferta e procura
O economista destacou, ainda, que o consumidor deve ficar atento em relação aos preços praticados nos próximos dias. “Além do aumento já registrado de 5,18% do pescado fresco e 10,91% do bacalhau, os preços desses itens tradicionais podem subir mais ainda, dada a pressão sazonal da demanda às vésperas da Páscoa”, afirmou.
No caso dos pescados, a recomendação vinda do Procon-SP é de atenção redobrada, para que se evite cair em golpes e tornar o valor das refeições da data ainda mais elevadas. Segundo o órgão, nas embalagens devem constar informações de pesos bruto e líquido, características como denominação do produto, identificação de origem e do produtor, além do prazo de validade. “O preço também deve estar visível nas gôndolas, tanto o valor da unidade quanto o correspondente ao quilo do produto”, afirma