Os planos da Fazenda para estabelecer solução ao crédito
Pasta estuda medidas sobre o crédito rotativo e uma nova rodada do Pronampe, programa de crédito para pequenas empresas
O cenário de aumento de inadimplência, diminuição no estoque de crédito e, claro, altas taxas de juros, levantam uma preocupação sobre o mercado de crédito no país. Por isso, o Ministério da Fazenda estuda uma série de medidas para evitar uma crise. Segundo Gabriel Galípolo, secretário-executivo do Ministério da Fazenda, além do ‘Desenrola’, programa de renegociação de dívidas, a pasta prepara microrreformas para atacar alguns problemas como as elevadas taxas de juros do crédito rotativo, entre outras medidas.
“Existem algumas reformas microeconômicas que são importantes na questão do crédito. Elas vão envolver desde o tema de garantias, para execução de forma adequada e até a adequação de produtos, como o problema do negativo. A gente fica discutindo a Selic, que é fundamental, mas enquanto isso tem gente pagando 400% de juros ao ano, muito acima da Selic”, disse nesta segunda-feira, 27, durante evento da Arko Advice.
A taxa de juros do rotativo do cartão de crédito está em 407,7% ao ano, segundo o último relatório de estatísticas de crédito divulgado pelo Banco Central em Fevereiro. O rotativo do cartão é uma modalidade de crédito oferecida a consumidores que não conseguem realizar o pagamento total da fatura do cartão até o vencimento e é uma das mais altas do mercado.
Além do rotativo do cartão e garantias, Galípolo afirmou que o governo federal também prepara uma nova rodada do Pronampe, um programa de crédito voltado a pequenas e médias empresas engendrado durante a pandemia pelo governo de Jair Bolsonaro.
Renegociação
Galípolo afirmou que faltam apenas questões de tecnologia para que o ‘Desenrola’ seja oficialmente lançado. Segundo ele, há um diagnóstico que a maioria das pessoas endividadas estão numa faixa de renda de até dois salários mínimos (2.604 reais), com 5 mil reais em dívidas, vindas de cerca de quatro fontes diferente. “Não há como a gente garantir a ‘desnegativação’, porque não podemos forçar o credor a aderir ao programa. Mas, o que a gente puder aliviar, a pessoa pode voltar a destinar para o consumo”, disse.
Galípolo afirmou que o programa é desenhado com regras bem definidas, como um valor destacado para garantia e o prazo de adesão, para que não se torne um processo parafiscal ou um estímulo para que haja aumento de endividamento e perdão de dívida.