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Os motivos que têm levado o dólar a estacionar acima de R$ 5

Moeda americana registra sete dias de negociação em alta, sequência não observada desde março, devido ao aumento de incertezas na economia dos EUA

Por Luana Zanobia Atualizado em 5 out 2023, 15h47 - Publicado em 5 out 2023, 14h48

Nos últimos sete dias, o dólar tem sido negociado consistentemente acima de 5 reais, uma sequência que não se observava desde março. Tal valorização é reflexo das inquietações acerca da estabilidade econômica dos Estados Unidos, conduzindo investidores a optarem por títulos considerados mais seguros. Os Treasuries, títulos da dívida do governo americano, de 10 anos, por exemplo, alcançaram níveis que não eram vistos desde 2007, antes da eclosão da crise financeira global.

A crescente relação dívida/PIB nos Estados Unidos tem intensificado o alerta sobre a solidez fiscal do país, em especial após a agência Fitch rebaixar o rating da dívida americana. Esse ambiente de incerteza tem levado os investidores a se refugiarem ainda mais em títulos como as Treasuries.

Embora o país tenham recentemente evitado um shutdown graças a um acordo bipartidário, as desavenças entre democratas e republicanos persistem. A dívida nacional americana, que atingiu recentemente a cifra histórica de 33 trilhões de dólares, suscita preocupações generalizadas. Para administrar essa dívida, é provável que o Tesouro  tenha que emitir mais títulos, com juros mais elevados que os atuais.  Em um relatório recente, o Goldman Sachs estima que os juros altos possam elevar a relação dívida/PIB dos Estados Unidos de 2% em 2022 para 3% em 2024, chegando a 4% em 2030 – ultrapassando o ápice registrado em 1990 antes de 2025. Dada a atual conjuntura política, marcada por impasses no Congresso e a iminência das eleições de 2024, ajustes fiscais substanciais parecem improváveis.

Em relatório, o economista-chefe do Citi, Andrew Hollenhorst, acredita que o banco central americano, o Federal Reserve (Fed), tende a manter uma postura de juros altos por mais tempo, antecipando um aumento de 0,25 ponto percentual na próxima reunião em novembro. Além disso, o BMO, banco canadense, ressalta a complexidade do cenário com preços do petróleo ultrapassando 90 dólares o barril e rendimentos elevados. Eles especulam que, caso a inflação acelere novamente ainda este ano, o Fed pode se ver obrigado a promover novas elevações de juros.

Essa postura do Fed pode reverberar no Brasil. Se o relatório de emprego payroll, que será divulgado na sexta-feria, 6, validar uma política mais estrita contra a inflação por parte do Fed, isso pode fortalecer ainda mais as Treasuries. Um juro mais alto nos Estados Unidos tem potencial para alterar a trajetória de cortes de juros pelo Banco Central brasileiro, influenciando a expectativa de cortes na taxa.

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