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Por que a economia é um dos grandes desafios de Sidônio Palmeira

Sidônio Palmeira tomou posse como ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom) em meio a uma tentativa do governo de restaurar a confiança

Por Luana Zanobia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 14 jan 2025, 17h03 - Publicado em 14 jan 2025, 14h11

O publicitário Sidônio Palmeira tomou posse como ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom) nesta terça-feira, 14, em meio a uma tentativa do governo de reorganizar sua estratégia de comunicação. Sidônio substitui o deputado Paulo Pimenta (PT-RS) e chega com a missão de melhorar a imagem da gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que enfrenta desafios em comunicar suas ações para a população. E a má comunicação na área econômica é bem sintomática. Bons números como os de emprego e o crescimento na economia não passam pela percepção pública, enquanto outras questões, como uma mudança normativa da Receita Federal sobre movimentações financeiras como o Pix, viram grandes armadilhas paga a gestão petista. 

O terceiro mandato, descrito pelo próprio Lula como o melhor de sua carreira, não encontrou respaldo semelhante na opinião pública. Uma pesquisa recente apontou que 41% da população discorda da visão otimista do presidente sobre seu próprio desempenho. Isso, em parte, é creditado à falta de uma narrativa coesa que consiga transmitir as conquistas do governo, em um ambiente político e midiático cada vez mais polarizado.

Palmeira afirmou que o governo enfrenta uma “cortina de fumaça” causada por desinformação e fake news, o que prejudica a comunicação das políticas públicas implementadas. “O nosso país voltou a ser respeitado pelo mundo, mas esse trabalho não está sendo percebido por parte da população. A população não consegue ver o governo nas suas virtudes”, declarou o ministro ao assumir o cargo.

Ele se referia a conquistas que, na visão do governo, não estão sendo adequadamente reconhecidas pela opinião pública, como a recuperação da imagem do Brasil no setor ambiental, o fortalecimento das relações diplomáticas e a implementação de programas sociais, como o Bolsa Família, o reajuste do salário mínimo, a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até 5.000 (ainda não implantada), o programa de renegociação de dívidas (Desenrola) e a medida que reduziu o custo dos veículos. Essas ações contribuíram significativamente para o impulso da economia e para a melhoria do poder de compra da população.

O descontentamento de Lula é antigo. Desde o início de 2024, o presidente vinha reclamando publicamente da falta de impacto das campanhas de comunicação do governo. Programas como o Bolsa Família, que em anos anteriores foram aclamados como a base de sua popularidade, agora parecem não gerar o mesmo impacto. As redes sociais, que durante a campanha de 2022 foram instrumentalizadas com sucesso para reconquistar a Presidência, agora se tornaram uma arena perigosa, na qual fake news e campanhas de desinformação moldam o discurso público.

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No entanto, a tarefa de Sidônio não será fácil. Um dos seus principais desafios será lidar com as fake news, que corroem a credibilidade do governo, como no caso mais recente que criou alvoroço com a falsa notícia de que as transações via Pix seriam taxadas. Além disso, medidas anunciadas por empresas de redes sociais, como a Meta, sobre a moderação de conteúdo nas plataformas, são vistas com preocupação pela nova equipe de comunicação.

 Os deslizes

A chegada de Sidônio Palmeira ao governo se dá em um contexto em que os erros de comunicação contribuíram para uma série de crises. Lula iniciou seu mandato criticando abertamente o ex-presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, acusando-o de manter a taxa de juros alta para beneficiar o sistema financeiro, que ele caracterizou como “interessado em especular”. Essas declarações não foram bem-vistas pelo mercado e geraram um mal-estar entre a equipe econômica e os investidores. O ruído foi agravado pela incapacidade de explicar de forma clara o embate sobre a independência do BC, que acabou sendo interpretado como uma intervenção política mal articulada.

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Outro erro significativo foi a fala infeliz de Lula durante a 52ª Assembleia Geral dos Povos Indígenas, em março de 2023, ao afirmar que a escravidão teve um saldo positivo ao promover a miscigenação dos povos. A declaração, embora mal interpretada, provocou uma onda de críticas e desviou a atenção da pauta principal do evento. Esses incidentes demonstram a falta de um alinhamento estratégico entre o discurso presidencial e a comunicação oficial.

Mais recentemente, o anúncio do pacote de ajuste fiscal trouxe à tona um problema recorrente: o timing inadequado. Enquanto o governo cortava despesas e promovia austeridade, anunciou simultaneamente a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até 5.000 reais. Embora a medida fosse esperada e bem-vinda para muitos, economistas criticaram o momento do anúncio, que acabou soando populista em um período quando se esperava maior responsabilidade fiscal.

Com a aproximação das eleições de 2026, o governo Lula enfrenta um dilema: como comunicar seus feitos em um ambiente saturado por desinformação e opiniões polarizadas. Sidônio Palmeira, que foi um dos principais responsáveis pela campanha de Fernando Haddad em 2018 e pela vitória de Lula em 2022, conhece bem os caminhos da comunicação política. No entanto, sua capacidade de reverter a narrativa negativa e transformar as críticas em capital político dependerá de uma estratégia que vá além da mera propaganda. Será necessário, sobretudo, enfrentar os novos desafios das plataformas digitais, nas quais o controle sobre a narrativa está cada vez mais diluído.

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