O recado do Banco Central para Lula sobre a meta fiscal
Presidente afirmou que o governo dificilmente chegaria ao déficit zero em 2024
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) reduziu em 0,50 ponto percentual a taxa de juros, de 12,75% para 12,25% ao ano, em consonância com a expectativa do mercado. Foi a terceira queda consecutiva na Selic e, com isso, a taxa chegou a seu menor patamar desde 2022.
O que chamou atenção foi o tom do comunicado e os recados do comitê ao presidente Lula, que afirmou, na semana passada, que dificilmente o governo chegaria ao déficit zero em 2024. “Tendo em conta a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária, o Comitê reafirma a importância da firme persecução dessas metas”, afirma o comunicado.
Questionado se a meta fiscal de déficit zero em 2024 é factível, como defende Fernando Haddad, o presidente Lula afirmou que esse objetivo “dificilmente” será alcançado e que a meta “não precisa ser zero”. Ele também disse que não quer ter de começar o ano que vem fazendo cortes bilionários em obras. “Tudo o que a gente puder fazer para cumprir a meta fiscal, a gente vai cumprir. O que eu posso dizer é que ela não precisa ser zero. País nenhum precisa disso. Eu não vou estabelecer uma meta fiscal que me obrigue a começar o ano fazendo cortes de bilhões nas obras que são prioritárias para este país”, declarou o presidente, em café da manhã com jornalistas no Palácio do Planalto.
No comunicado, o colegiado destaca o ambiente externo “adverso, em função da elevação das taxas de juros de prazos mais longos nos Estados Unidos, da resiliência dos núcleos de inflação em níveis ainda elevados em diversos países e de novas tensões geopolíticas”, enquanto no cenário doméstico “a inflação segue trajetória de desinflação” e “o conjunto dos indicadores de atividade econômica segue consistente com o cenário de desaceleração da economia nos próximos trimestres”.