O que os americanos estão comprando para se preparar para o tarifaço
Em clima de apreensão e pragmatismo, americanos vão às compras à espera de um aumento de preços gerado pelas medidas protecionistas

Poucas horas depois de o presidente Donald Trump anunciar o tarifaço, Mark Cuban, um bilionário investidor, cofundador da plataforma de vídeos Broadcast.com e ex-proprietário do time da NBA Dallas Mavericks, escreveu em seu perfil na rede social Bluesky:
“Não é uma má ideia ir ao Walmart ou a uma grande varejista local e comprar agora uma boa quantidade de itens de consumo. De pasta de dente a sabão, tudo o que você conseguir espaço para guardar, compre antes que precisem repor o estoque. Mesmo que seja fabricado nos EUA, eles vão aumentar o preço e culpar as tarifas.”
O tarifaço pode custar bem caro aos americanos, tanto em termos diretos – como preços mais altos e maior carga tributária -quanto em efeitos indiretos, como a redução da atividade econômica. Segundo estimativas da Tax Foundation, o impacto médio será de mais de 1.900 dólares por domicílio, resultado de um aumento generalizado nos preços de produtos importados e de uma redução de 1,9% na renda líquida da população.
Em clima de apreensão e pragmatismo, alguns americanos estão seguindo o conselho de Cuban, adiantando compras de itens básicos e de primeira necessidade, eletrodomésticos. Ao comprar em dobro e estocar produtos, as pessoas buscam adiar os prejuízos estimados com a guerra comercial.
Diante da expectativa de aumento de preços por causa de tarifas, usuários da rede social Reditt trocam desde o dia 2, dicas dos melhores produtos para comprar e se preparar para o tarifaço
Os itens citados nas centenas de respostas são variados. Os usuários recomendam comprar alimentos não perecíveis como arroz, feijão, lentilhas, macarrão, frutas secas e enlatados, além de leite vegetal de longa vida, café, chá e frutos do mar congelados. Também entram na lista produtos de preparo rápido, pilhas, máscaras, roupas importadas, itens de jardinagem e bebidas alcoólicas. Estratégias como guardar dinheiro, congelar alimentos frescos, plantar em casa e evitar compras por impulso também aparecem nas recomendações.
No total, as tarifas devem gerar 2,9 trilhões de dólares em arrecadação para o governo ao longo de dez anos, mas à custa de uma queda de 0,7% no PIB dos EUA, sem considerar eventuais retaliações mais severas de outros países, estima a Tax Foundation. A China já prometeu lutar até o fim contra tarifas impostas por Trump, após o presidente americano ameaçar mais tarifas contra a retaliação do país asiático.
Em 2026, o aumento de tarifas deve representar o maior aumento de impostos desde 1982, com 258 bilhões de dólares a mais em tributos federais. Além disso, as importações devem encolher em 800 bilhões de dólares, ou cerca de 25%, o que reforça as preocupações com aumento de preços, escassez e impacto sobre o consumo das famílias.