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O que está por trás da venda da Aesop pelo grupo Natura

A estratégia do conglomerado em se separar da sua mais valiosa marca para valorizar as ações já impulsiona a empresa na bolsa

Por Luisa Purchio Atualizado em 31 jan 2023, 14h48 - Publicado em 31 jan 2023, 14h17

A Natura &Co, conglomerado de marcas de cosméticos que engloba a Natura, a Avon, a The Body Shop e a Aesop está estudando vender parte dos ativos da sua mais valiosa marca para impulsionar suas ações. A australiana Aesop, marca de luxo usada pelas maiores celebridades mundiais como a família Kardashian, é considerada a joia da coroa do grupo Natura.

Para se ter ideia, a Aesop foi recentemente avaliada pelas gigantes globais LVMH e L’Oreal em 2 bilhões de dólares, o que corresponde a 57% do valor de todo o grupo Natura, avaliado em 3,5 bilhões de dólares. “Equivale a metade do valor da companhia sendo que a receita da Aesop corresponde a 15% da receita do grupo. Esses números não fazem sentido e a Natura precisa ser reavaliada”, diz Larissa Quaresma, analista da Empiricus Research.

Desde que a agência Bloomberg divulgou que as francesas LVMH e a L’Oreal estariam interessadas em comprar a marca, assim como a japonesa Shiseido, na segunda-feira, 30, as ações da Natura dispararam na bolsa brasileira. Do fechamento da última sexta-feira, 27, até o início da tarde desta terça-feira, 31, os papeis da holding acumulam alta de 12,6%, vendidas a 14,5 reais.

Para José Eduardo Daronco, analista da Suno Research, a estratégia do grupo é acertada para destravar as ações das companhias na bolsa. “A holding ficou com uma estrutura muito complexa, custosa e sem muita sinergia entre a Aesop, que é uma marca australiana, com as demais marcas do grupo, tanto que há CEOs separados para cada operação. Dessa maneira será possível focar no seu core business“, diz ele.

Outro motivo da venda seria um alinhamento de interesses dos executivos da Aesop, que também são os fundadores da empresa. Após a venda da marca para a Natura, a sua remuneração passou a estar vinculada com as ações do grupo Natura &Co. “Como as ações vêm caindo, eles ficaram um pouco insatisfeitos. Com a venda, uma parte pode ir para o bolso desses executivos ou virar um bônus”, diz Larissa, da Empiricus.

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Altos e baixos

O baixo desempenho da Natura &Co na B3 começou a ocorrer com a reabertura da economia após a Covid-19. No período da pandemia, a empresa se beneficiou com as vendas via consultoras, uma vez que as lojas físicas e os shoppings estavam fechados. Com a reabertura, no entanto, as marcas foram impactadas com a volta dos concorrentes em lojas físicas e pela inflação em todo o mundo, principalmente da marca Avon Internacional, dirigida à classe C, D e E na Europa.

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